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O Metrô de São Paulo afirmou que irá demitir, nesta segunda-feira, cerca de 60 funcionários grevistas. Conforme a companhia, as demissões são por justa causa. A categoria está em greve desde a quinta-feira, apesar de o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) considerar, no domingo, a paralisação abusiva.

O secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, detalhou os motivos para os desligamentos em entrevista à rádio Jovem Pan. “Agora, às 8h, estamos emitindo mais ou menos 60 demissões por justa causa. Quais são essas demissões? Aqueles que já foram catalogados e com provas materiais de vandalismo, uso impróprio de equipamentos do Metrô, que barraram fisicamente, aqueles que incitaram a população a pular catraca. Enfim, todos aqueles que fizeram transgressões mais graves já estão sendo notificados agora de manhã de demissão por justa causa.”
 
O secretário afirma que funcionários que não comparecerem ao trabalho hoje também poderão ser demitidos. “Agora à tarde, estamos preparando uma lista de todos aqueles que não vêm ao trabalho. Quem não volta ao trabalho em uma situação de greve já inexistente, greve declarada ilegal, abusiva, já está incorrendo em uma falta gravíssima e é penalizado também com demissão por justa causa.”
 
Fernandes afirma que muitos metroviários já retomaram as funções. Segundo ele, de cerca de 1,5 mil, 295 voltaram a trabalhar nesta segunda-feira, sendo que na sexta o número era de quase zero. O secretário afirma que engenheiros e seguranças também retornam ao trabalho.
 
Categoria mantém paralisação
 
No domingo, os metroviários de São Paulo decidiram, em assembleia, manter a paralisaçao, mesmo após a Justiça considerar abusiva a greve da categoria, que desde quinta-feira paralisou o funcionamento do Metrô na cidade de São Paulo. Uma nova assembleia está marcada para hoje, às 13h, na sede do sindicato.
 
Hoje, manifestantes fizeram protesto na estação Ana Rosa. Eles bloquearam uma via em frente à estação e foram dispersados pelo menos três vezes pela PM. Os ativistas seguiram em marcha em direção à praça da Sé.
 
Justiça decide contra sindicato
 
Segundo o desembargador Rafael Pugliese, relator do processo, "não houve atendimento mínimo à população, gerando grande transtorno, inclusive, no âmbito da segurança pública”. O tribunal decidiu ainda pela manutenção do pagamento da multa diária de R$ 100 mil pela paralisação ao Sindicato dos Metroviários em São Paulo, que será revertida ao Hospital do Câncer. 
 
Os desembargadores também decidiram que, caso os trabalhadores mantenham a greve, o sindicato deve pagar multa de R$ 500 mil por dia a partir desta segunda-feira. O julgamento concluiu pela autorização do desconto pelos dias parados, além de não assegurar a estabilidade dos grevistas.
 
A Justiça determinou o reajuste salarial da categoria em 8,7%, última proposta feita pelo Metrô. O colegiado estabeleceu ainda o valor do vale-alimentação mensal para R$ 290 mais parcela extra anual; e o vale-refeição diário para R$ 669,16. Outra definição importante do julgamento refere-se ao piso salarial dos engenheiros, no valor de R$ 6.154. 
 
Governo: não tem mais discussão
 
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), falou no domingo sobre a manutenção da greve dos metroviários, após o Tribunal Regional do Trabalho considerar a paralisação abusiva. "Agora não tem mais discussão, a greve é abusiva", disse.
 
Ele pediu que os funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) voltem ao trabalho, sob risco de demissão por justa causa. "Faço uma convocação para que os metroviários voltem, inclusive pelo direito de trabalhar dos 5 milhões que dependem do metrô para se locomover. Quem (metroviário) não for trabalhar tem posibilidade de (demissão por) justa causa."
 
“Hoje, o Tribunal Regional do Trabalho decidiu, por unanimidade, que a greve é abusiva. Ela é totalmente ilegal. É importante deixar claro que a decisão judicial já ocorreu e o índice de reajuste salarial foi definido pelo dissídio”, afirmou Alckmin.