A menos de um mês do início da Copa do Mundo, a maioria dos anúncios internacionais que pegam carona no evento mostra um Brasil colorido e festivo, sob medida para gringos. No clipe oficial da Fifa, os cantores Pitbull, Jennifer Lopez e Claudia Leitte entoam a música “We Are One” cercados por uma overdose de brasilidade: passistas, praias, sambistas, trios elétricos e capoeiristas compõem os quatro minutos de vídeo. A canção da Coca-Cola segue um script similar, com favelas e paredes grafitadas com as cores do estandarte nacional, tendo também como cenário uma festa de São João. Além dos símbolos de praxe do Rio, como o Cristo Redentor, algumas campanhas, como a da cerveja americana Budweiser, mostram ícones urbanos menos conhecidos, como o Edifício Itália, em São Paulo.

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A maioria atém-se aos estereótipos, mas também há espaço para a criatividade. O canal esportivo argentino TyC inovou ao mostrar cenas das multidões que foram ver o papa Francisco no Rio mescladas com imagens da seleção hermana. No fim, a mensagem: “Se um argentino fez isso no Brasil, imagine só 23”. A Copa também está presente no dia a dia de países que virão para o evento. “O torneio está em todos os lugares, nas revistas, comidas e bebidas”, diz o executivo de marketing britânico Mathew Hampson. “Todos estão loucos pelo Mundial aqui na Bélgica, porque é a primeira vez desde 2002 que nos classificamos. Além do merchandising, você vê flâmulas nossas e do Brasil em todas as lojas”, conta a cientista política Inès Kalaï.

O Brasil alegre da propaganda contrasta com o País retratado pelo noticiário internacional, que tem dado espaço aos problemas sociais e aos protestos que chacoalham as ruas desde 2013. “Como as manchetes de todo o planeta são negativas, as pessoas percebem que existe uma dissonância entre a realidade e aquilo que é mostrado nos comerciais. Isso faz com que a propaganda pareça enganosa e seja, assim, inócua”, afirma o especialista em marketing esportivo Michel Mattar. “Todos os jornais mencionam as tensões quanto ao dinheiro gasto numa infraestrutura que vai beneficiar a poucos”, diz o fotógrafo espanhol Victor Ramirez.

Também não faltam polêmicas. A mais recente ocorreu na semana passada, quando a revista “Fabulous”, que circula no tabloide britânico “The Sun”, estampou em sua capa, no domingo 18, a foto do bumbum de uma modelo vestindo um biquíni com a bandeira verde e amarela. Internautas brasileiros reclamaram que a imagem reforça uma versão estereotipada do País, além de estimular o turismo sexual.

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Fotos: Reprodução


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