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Nem todos aqueles com uma bandeira do Brasil são brasileiros hoje em Ímola. Tomados pela saudade de Ayrton Senna, muitos italianos e estrangeiros também exibiram o apreço pelo País e pelo tricampeão. Contudo, os brasileiros, mesmo dividindo o pavilhão nacional internacionalizado pelo piloto, também chegaram em grande número.

Um grupo de intercambiários em Bolonha, cidade próxima a Ímola e onde a morte de Senna foi anunciada, foi especialmente para o Tributo. Glaninston Tiago da Silva, da Paraíba, tinha cinco anos em 1994, mas nem por isso esquece Ayrton: “Cresci ouvindo falar de Senna”, disse ao Terra.

Junto a ele estava Pedro dos Santos Ferreira, de São Paulo, que destacou a habilidade de Senna ao volante: “Ele tinha um carro que não era o melhor e mesmo assim fazia coisas espetaculares”, afirmou. Juliano Siqueira, de Minas Gerais, lembra a alegria que Senna levava aos domingos num período que, segundo Siqueira, era “crítico para o Brasil”.Da Bahia, Luiz Fernando Carvalho completava o grupo. Lembrou que Senna fez o Brasil "ser adorado por todos".

O Tributo a Senna fez os motores voltarem a girar alto no Autódromo Enzo e Dino Ferrari. Durante toda a manhã desta quinta-feira, centenas de carros puderam dar uma volta na pista. Uma série de eventos marca os 20 anos da morte de Senna em Ímola até o próximo domingo.

Há quem tenha ido do Brasil especialmente para o tributo em Ímola. Logo cedo, o Terra encontrou Andrei Kurkalevicz e Cleide Balbinotti, de Curitiba. Devidamente uniformizados com a camisa do time do coração, tiravam fotos em frente aos painéis colocados ao lado do Museu Ayrton Senna, que será inaugurado na tarde desta quinta-feira. "Eu queria vir ao lugar aonde Senna nos deixou", declarou Andrei, que disse sentir-se assim mais próximo de Ayrton.

Em Ímola, que fica na Itália, mas geralmente representava San Marino no Mundial de F1, Ayrton Senna foi vencedor por três vezes (1988, 1989 e 1991). Após os acidentes fatais de Senna e do austríaco Roland Ratzenberger, o circuito passou por alterações. A antiga Curva Tamburello deu lugar a uma chicane mais segura.

A questão do avanço da segurança e itens de proteção na F1 depois das mortes de Senna e Ratzenberger foi tema de uma coletiva de imprensa aos mais de 200 jornalistas que cobrem o evento. Ainda pela manhã, centenas de carros puderam dar uma volta na pista em homenagem a Senna – vários deles enfeitados com a bandeira do Brasil.

 
"valeu chefe"

Nesta manhã, Rubens Barrichello, ex-piloto da maior categoria do automobilismo mundial e atualmente na Stock Car, postou uma foto em sua página no Instagram reverenciando o grande ídolo do automobilismo brasileiro.

Rubinho compartilhou uma imagem na qual aparece, ainda na Jordan, contornando a mesma curva que Senna. O momento foi registrado em 1994, ano em que Ayrton correu pela tradicional equipe Williams e se acidentou fatalmente no Grande Prêmio de San Marino. “Valeu Chefe…”, limitou-se a escrever o piloto com maior número de GPs da história da Fórmula 1.

Barrichello e Senna correram juntos na F-1 por dois anos: 1993 e 1994. Este foi o período em que o tricampeão mundial enfrentou alguns problemas na categoria. No primeiro ano, ainda na McLaren, sofreu com a forte concorrência da Williams e o apenas razoável desempenho dos novos motores Ford. Mesmo assim, foi vice-campeão mundial, colocando-se entre os melhores carros do grid, de Alain Prost e Damon Hill. Rubinho, por sua vez, conquistou apenas dois pontos e terminou o Campeonato Mundial na 18ª colocação.

Já no ano seguinte, Barrichello surpreendeu com um quarto e um terceiro lugar nas duas primeiras provas do ano, em Interlagos e Aida, enquanto Senna, já na Williams, abandonou os dois GPs. Na corrida subsequente, em Ímola, Rubinho se acidentou gravemente no treino livre de sexta-feira, e Ayrton morreu no domingo, durante a prova. Naquela época, o tricampeão mundial vinha “adotando” o seu até então jovem compatriota de 22 anos, que, anos depois, se tornaria duas vezes vice-campeão mundial.

Marca forte

Vinte anos após o acidente que tirou a vida de Ayrton enna no circuito de Ímola, na Itália, a ONG criada por sua família para realizar o sonho do piloto de ajudar jovens brasileiros atua em pelo menos 1,3 mil municípios no Brasil e conta com cerca de 200 produtos personalizados que levam o nome da entidade.

Durante essas duas décadas, o Instituto Ayrton Senna soube transformar o nome do ídolo em marca valorizada e reconhecida no mercado. Só em 2013, foram gerados pelas ações da instituição R$ 45 milhões, são 60 companhias associadas entre nomes brasileiros e estrangeiros como Sony, Cepêra, Ducati, Pioneer e Montegrappa.

O diretor de negócios do instituto, Marco Crespo, explica que atualmente 120 pessoas atuam em trabalhos diretamente relacionados à marca. E que hoje, Ayrton Senna está entre os nomes mais citados em pesquisas que avaliam o poder de compra envolvendo celebridades em todo o mundo.

"Levantamentos apontaram que o Ayrton estava na memória de 89,94% dos brasileiros, o que foi uma surpresa positiva para nós (entidade) e um destaque significativo, pois estavam na disputa nomes como Pelé, Ronaldo e Neymar", afirma.

O executivo detalha que os entrevistados destacaram quatro pontos principais sobre os produtos ligados ao piloto: a marca lembra alto desempenho e esportividade, Senna é sinônimo de qualidade, o forte aspecto social em comprar os produtos, além da possibilidade de ter um item de recordação de Senna, uma lembrança.

Para maio, a entidade prepara um reposicionamento da instituição a fim de abranger um número maior de parceiros. Um novo site com mais atributos para se aproximar dos usuários de redes sociais e uma nova loja virtual trará mais opções de produtos aos fãs, como um novo vestuário de Fórmula 1 com padrão de qualidade daqueles utilizados nas pistas por profissionais e desenhado por uma empresa alemã.

 
O que não deve mudar na instituição é o processo interno detalhado de escolha de novos parceiros que também devem compartilhar os valores promovidos pelo instituto e pela família. "Sabemos que nosso apoio agrega qualidades a outros grupos empresariais, há uma troca de valores nesse acordo, por isso ele deve ser bem estruturado e avaliado", completa Crespo.

Admirado

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha e publicada nesta quinta-feira pelo jornal Folha de S. Paulo apontou Ayrton Senna como o esportista mais admirado entre os paulistanos. O levantamento foi realizado apenas na capital paulista.

Senna foi o esportista preferido apontado por 47% dos entrevistados. A estatística supera nomes como Pelé (23%), Ronaldo (2%), Garrincha (2%), Oscar (1%), Zico (1%), Sócrates (1%), Rogério Ceni (1%) e Romário (1%).

Senna se destacou com vantagem em alguma das categorias pesquisadas. Entre elas, para os entrevistados de 35 a 44 anos (58% indicaram o tricampeão), os mais escolarizados (56%) e os mais ricos (61%), segundo o jornal.

Mesmo entre os mais jovens, que pouco acompanharam a carreira do ex-piloto, Senna também lidera. Entre fãs de 16 a 24 anos, ele tem 34% da preferência, contra 31% de Pelé. Para fãs entre 25 e 34 anos, a “vitória” sobre Pelé é mais folgada: 51% a 19%.