Os mesmos traços firmes e inovadores que ergueram o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Sesc Pompeia, também em São Paulo, poderão ser apreciados na sala de estar de casa. O Instituto Lina Bo e P.M. Bardi acaba de lançar na Europa, em parceria com a empresa de design italiana Arper, uma edição limitada das cadeiras Bowl Chair, desenhadas pela arquiteta modernista ítalo-brasileira Lina Bo Bardi e que nunca haviam sido produzidas em larga escala. Foram mais de dois anos de negociação com os herdeiros da arquiteta para que a peça fosse confeccionada seguindo fielmente os croquis de 1951. “É uma cadeira com um formato sintético, uma meia esfera e pontos de apoio muito simples, um objeto oval que parece flutuar”, diz Renato Anelli, diretor do instituto e professor de arquitetura da Universidade de São Paulo. Serão fabricadas 500 peças e comercializadas em vários países por 4.200 euros. “É um produto pensado para ocupar espaços modernos, como os projetados por Oscar Niemeyer”, afirma Anelli.

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MODERNO
A Bowl Chair foi criada em 1951: ela será comercializada em vários países por 4.200 euros

A arquiteta graduou-se na Itália na década de 1930 e escolheu viver no Brasil para fugir da Europa devastada pela Segunda Guerra Mundial. Logo, passou a se dedicar ao design de móveis. Enquanto projetava as instalações do Masp, Lina criou a primeira cadeira moderna do Brasil – uma peça dobrável de madeira e couro para o auditório. Na sequência, fez esboços da Bowl Chair.

Na década seguinte, sua obra assumiu um caráter essencialmente modernista e brasileiro, deixando em segundo plano a influência europeia. “A arte de Lina traz dois momentos importantes da arquitetura brasileira: a sintonia com o processo de industrialização e a interação entre o moderno e o popular”, diz Anelli. A vivência entre dois períodos e duas realidades completamente distintas foi um dos fatores que fizeram a empresa italiana Arper investir no projeto. “Essa edição limitada cria uma conexão entre o passado e o futuro”, afirmam Luigi e Cláudio Feltrin, diretores da companhia. A tradição do design italiano, com mão de obra de qualidade e produção artesanal, também valoriza a peça e a originalidade dos desenhos de Lina.

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Fotos: Felipe Carpineli; Sinar