Na semana passada, o governador Marconi Perillo (PSDB) recebeu um cheque de R$ 50 mil da Loteria do Estado de Goiás e entregou à primeira-dama, Valéria Jayme Perillo, para investimentos sociais da Organização das Voluntárias do Estado. Até aí, nada demais. O problema é que os R$ 50 mil são o repasse do lucro arrecadado no mês passado com a Palpiteca, o jogo do bicho oficializado que foi revelado por ISTOÉ na edição 1554 e continua a todo vapor em Goiás. O promotor Abraão Amisy Netto afirma já ter "fortes índicios" de que a Gerplan, empresa autorizada pelo governo para administrar a Palpiteca, pertence, na verdade, aos banqueiros do antigo jogo do bicho. "Se ficar provado que existe ligação da LEG com o bicho, eu vou abrir uma nova licitação", declara Perillo, que havia prometido desmontar todo o esquema em julho, mas resolveu empurrar o assunto com a barriga.

O lobby da Palpiteca em Goiás é poderoso. Os deputados federais Jovair Arantes (PSDB), Pedro Canedo (PFL) e Olier Alves, secretário do governo do prefeito Nion Albernaz, estiveram com o secretário de Segurança Pública, Demóstenes Chavier Torres, para evitar que a empresa Gerplan fosse abatida em pleno vôo. "É hipocrisia criticar o jogo do bicho com tantos jogos autorizados pelo governo federal. Eu defendo a legalização", esquiva-se Jovair Arantes, que viajou para a Espanha representando a Câmara dos Deputados para visitar uma fábrica de caça-níqueis e videopôquer. O secretário de Segurança está sendo uma pedra no sapato dos bicheiros: "Não aceitei o relatório que o delegado Luziano de Carvalho queria me entregar porque não estava concluído, faltava a perícia nas máquinas da Palpiteca." De qualquer maneira, Luziano de Carvalho abriu inquérito contra os bicheiros Carlinhos Cachoeira, Messias Ribeiro Neto e Alencar Júnior.

O projeto dos bicheiros não é só o jogo. Querem espalhar por todo o Estado as máquinas de caça-níquel e videopôquer importadas da Espanha. O crescimento dessas máquinas está deixando o Planalto de orelha em pé. O secretário Nacional Antidrogas, Wálter Maierovitch, recebeu da polícia secreta italiana relatório que liga a máfia ao bicho. No documento consta que os mafiosos estão lavando dinheiro por intermédio das máquinas. O principal banqueiro do bicho em São Paulo, Ivo Noal, tem seu nome em destaque no relatório como representante do esquema mafioso italiano no Brasil.


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