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O promotor Marcos Tulio Nicolino, que acompanha as investigações do caso do menino Joaquim Pontes Marques, 3 anos, encontrado morto em um rio na cidade de Barretos (SP), disse nesta segunda-feira, em entrevista ao Terra, que declarações da mãe do garoto dão a entender que Joaquim possa ter sido vítima de superdosagem de insulina, aplicada pelo padrasto.

"Após o desaparecimento, ela (mãe) foi entregar a caneta que era utilizada para aplicar insulina. Nesse dia, o padrasto falou que tinha aplicado em si mesmo 30 doses de insulina. Porém, no dia anterior, ele disse que teria aplicado apenas duas doses", falou o promotor. Segundo Marcus, o padrasto de Joaquim, Guilherme Raymo Longo, pode ter mudado a sua versão para tentar justificar o uso da insulina.

“Depois do aparecimento do menino, ele falou que usou as 30 doses. Ele estaria tentando justificar o desaparecimento daquelas doses, que ele poderia ter aplicado no menino para matá-lo", completou. Ainda de acordo com o promotor, essa é apenas uma suposição, já que o laudo sobre a causa da morte deverá ser entregue no prazo de 20 dias.

O menino era diabético e precisava tomar doses constantes de insulina para sobreviver. Mas, para Marcus,  a criança era vista como um problema na vida de Guilherme, que tem um filho de poucos meses com a mãe de Joaquim, Natália Mingoni Ponte.  

"Ela (Natália) passou informações que nos levam a acreditar que o relacionamento dos dois não era harmônico como passado anteriormente. O casal brigava constantemente e um dos motivos era que o Guilherme não aceitava o filho de outro casamento. ‘Você tem um pedacinho do seu ex-marido aqui dentro de casa’, teria dito ele em algumas ocasiões”, falou o promotor.

Após o corpo ter sido encontrado ontem, a mãe de Joaquim prestou depoimento na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Ribeirão Preto e declarou que Guilherme tinha um comportamento agressivo. Na semana anterior ao desaparecimento do garoto, o padrasto teria ameaçado se matar. “Ele disse que assim ela teria um pedacinho dele (representado no filho dos dois) e um pedacinho do ex-marido”, contou o promotor.

Questionado sobre qual o motivo de Natália não ter relatado a violência do marido, o promotor falou que ela pode ter se sentido pressionada. “A gente pode concluir que ela não falou antes por estar intimidada pela presença do companheiro. Ela disse que ele estava a ameaçando caso ela o deixasse e ela disse que estava pensando em fazer isso”.

A expectativa da promotoria é de que a mãe de Joaquim forneça mais detalhes sobre o comportamento do casal nos próximos depoimentos. Natália e Guilherme tiveram a prisão temporária decretada e foram detidos na noite de ontem

O corpo de Joaquim foi encaminhado para a cidade de São Joaquim da Barra, onde foi velado por parentes e amigos. O enterro ocorreu às 14h desta segunda.

Desaparecimento

O corpo de Joaquim foi encontrado neste domingo, nas águas do rio Pardo, no município de Barretos, vizinho de Ribeirão Preto – cidade na qual o garoto morava. Um exame preliminar de necropsia apontou que o garoto já estava morto antes de ser jogado no rio, segundo a Polícia Civil. A causa da morte, porém, ainda não foi confirmada.

Desde os primeiros dias do desaparecimento, as buscas foram concentradas na região do córrego Tanquinho e no rio Pardo, onde o córrego deságua. Na quarta-feira, um cão farejador da Polícia Militar realizou o mesmo trajeto ao farejar as roupas do menino e as de seu padrasto.

A Polícia Civil já havia pedido a prisão preventiva da mãe e do padrasto de Joaquim, mas a Justiça havia negado. O menino era diabético e vivia com a mãe, o padrasto e o irmão Vitor Hugo.

No boletim do desaparecimento registrado na Polícia Civil, a mãe relatou que acordou por volta das 7h e foi até o quarto da criança, mas não a encontrou. Em seguida, procurou pelos demais cômodos e na vizinhança, também sem sucesso. O garoto vestia uma calça de pijama com bichinhos quando foi visto pela última vez.