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NA FACHADA
A arquiteta Isabelle de Loys exibe o projeto que valorizou
em 20% o seu imóvel e reduziu a conta de luz pela metade
 

Atrasado pelo menos uma década em relação a países como a Alemanha, o Brasil começa a ver só agora residências produzirem sua própria energia, instalando microestações que usam o calor do Sol como matriz. Além de poder se orgulhar de usar uma fonte limpa e infinita, quem opta pela estratégia vê o valor da conta de luz despencar já nos primeiros meses, mesmo no período de inverno, com menor incidência solar.

Interessados em desfrutar de benefício parecido precisam instalar módulos fotovoltaicos em uma área da residência, geralmente no telhado. Os módulos captam a luz solar e inversores a transformam em energia elétrica, que é incorporada à rede da concessionária local. A energia volta para a residência geradora em forma de créditos. Apesar do retorno, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) lista apenas 27 mini ou microestações geradoras no País. Três delas são pontos comerciais e 24 são residências. ISTOÉ acompanhou durante quatro meses os proprietários de três dessas casas, todas no Rio de Janeiro. A resposta deles à pergunta do título desta reportagem foi: “Sim, vale muito!”

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EM FAMíLIA
Na casa de Hans Rauschmayer, 128 kg de
CO2 deixam de ser emitidos por mês
 

A arquiteta Isabelle de Loys optou não só pela autogeração de energia como também em expor a sua escolha logo na fachada da residência. “Minha casa até virou referência em sustentabilidade aqui no condomínio e ainda valorizou uns 20%”, conta. A economia mensal chega perto dos 50%, isso apesar de sua residência abrigar uma sauna e um escritório.

“Está melhor do que eu imaginava”, anima-se Hans Rauschmayer ao contar do seu projeto. Além de reduzir em 58% o valor da conta de luz, Hans comemora os 128 quilos de CO2 por mês que sua família deixou de emitir com o uso da fonte limpa. E ele já planeja produzir mais energia do que consome. “Minha ideia inicial era doar o excedente para uma ONG, mas a lei não permite”, lamenta. A Aneel definiu que o excedente só pode ser abatido do consumo de outro endereço registrado no mesmo CPF ou CNPJ da residência geradora e localizado sob a mesma empresa concessionária. Mas o que foi gerado e não foi consumido também pode ser abatido de contas futuras, pois tem validade de 36 meses.

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O empresário André Nunes também se diz bastante satisfeito com a escolha do sol para abastecer a sua residência de 650 m² e onde vivem seis pessoas. “O sistema é eficiente e confiável e em nada altera a nossa rotina.” A única ressalva feita por ele, compartilhada por Hans, é em relação ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que tem sido cobrado pela concessionária fluminense. Isso faz com que cada kilowatt gerado por eles valha R$ 0,33, enquanto o que vem da rede sai por R$ 0,49. Mas isso deve mudar, pois os Estados começam a se ajustar à novidade. Em Minas Gerais, por exemplo, a equiparação do kilowatt já é de um para um.

Usar energia solar no Brasil ainda sai caro. Os projetos começam em R$ 15 mil. O consultor Gustavo Malagoli Buiatti acredita que, com a popularização, a tendência é que o preço caia. Tomara, pois, quanto mais painéis solares estiverem nos telhados, menos o planeta vai pagar pela energia que consumimos. 

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foto: Masao Goto Filho / ag. istoé