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Eles deixaram a vida pública pela porta dos fundos e muitos dos eleitores que votarão pela primeira vez em 2014 vão reconhecê-los como fotos envelhecidas de livros que narram capítulos lamentáveis da história do País. Mesmo assim, animados por pesquisas pré-eleitorais que revelam a existência de cidadãos dispostos a votar em candidatos de histórico reprovável, cinco pivôs de escândalos políticos iniciaram o aquecimento para pedir uma nova chance aos eleitores. São eles: José Roberto Arruda, Luiz Estevão, Joaquim Roriz, Rosane Collor e Denise Abreu. Nos últimos dias, filiaram-se a pequenas legendas que pouco se importam com o seu passado desabonador.

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No Distrito Federal, o PR aposta no reincidente Arruda para a Câmara Legislativa ou Federal. O ex-governador do DF, que já havia renunciado em 2001 em meio ao caso da violação do painel do Senado, voltou a se envolver num rumoroso escândalo nove anos depois. Flagrado recebendo propina, Arruda foi preso sob a acusação de integrar esquema de corrupção conhecido como o mensalão do DEM. Agora, virou a esperança do PR para puxar votos na capital.

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A exemplo do PR, que abriu suas portas para políticos flagrados em práticas nada republicanas, o PRTB mostra que de “renovador” só tem o nome. A sigla filiou os ex-senadores Joaquim Roriz e Luiz Estevão. Roriz lidera as pesquisas para o Palácio do Buriti, sede administrativa do governo do DF, e Estevão, dono do grupo empresarial OK, pretende comandar as eleições para a Câmara e Assembleia Legislativa do Distrito Federal. “O meu foco é eleição proporcional. Quero ter participação ativa. Pesquisa mostrou que eu tenho 260 mil votos, mas pretendo transferir meus votos para o partido”, afirmou Estevão, que teve o mandato de senador cassado em 2000 acusado de envolvimento no escândalo dos desvios de verbas do TRT de São Paulo.

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Em 2010, Roriz já havia arriscado concorrer ao governo do DF, mas, como a Lei da Ficha Limpa barrava candidatos que tivessem renunciado para fugir da cassação, a exemplo dele em 2007, preferiu investir em sua mulher, Weslian Roriz (PSC). A figura da dona de casa desinformada sobre o terreno selvagem da política virou chacota em Brasília. Nos debates entre candidatos, ela respondia a todas as questões afirmando que os problemas da administração pública seriam resolvidos “com amor”. Resultado: a ex-primeira-dama do DF sofreu uma derrota fragorosa e avisou que jamais concorreria novamente a um cargo público.

Destino diferente escolheu outra ex-primeira-dama. Acusada de desviar verbas da Legião Brasileira de Assistência (LBA) em favor de seus familiares, quando o seu ex-marido Fernando Collor presidia o País, Rosane resolveu voltar à vida pública. Na última semana, filiou-se ao PEN para concorrer a deputada federal por Alagoas. Ainda loira e com a mesma fisionomia marcante do início da década de 1990, Rosane usa o sobrenome de solteira ‘Malta’ e hoje frequenta cultos evangélicos. Será esse, inclusive, seu público-alvo, o eleitorado evangélico. Caso seja eleita, ela e o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), que ainda travam uma disputa judicial no processo de separação, podem voltar a se cruzar nos corredores do Congresso.

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A filiação de Rosane constrangeu o presidente do PEN, Adilson Barroso. Ele quer ganhar muitos votos e fazer crescer a bancada, mas teme pela imagem do partido. Para explicar a adesão de Rosane, jogou a responsabilidade para o ex-presidente regional da legenda, o deputado João Caldas. “Rosane é de Alagoas, lá o partido até recentemente estava na mão de João Caldas”, explicou. Na última semana, Caldas filiou-se ao Solidariedade de Paulinho da Força. Segundo comenta-se no Estado, Rosane por pouco não seguiu seu padrinho político. Teria desistido na última hora temendo não conseguir espaço para se candidatar na nova legenda. Rosane foi procurada, mas não atendeu os telefonemas até a publicação desta edição. Além da ex-primeira-dama, o PEN também acolheu a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu. Ela perdeu o cargo em 2007, acusada de favorecer companhias aéreas, em detrimento dos passageiros. Neste caso, porém, Barroso não se importou com o histórico da filiada. “Com a Denise Abreu está tudo certo. Ela pode ser candidata, porque está com a ficha limpa”, justificou o presidente do PEN, num caso típico de memória seletiva.