02/02/2000 - 10:00
Max Fivelinha está exultante. Após passar anônimo os carnavais dos últimos 12 anos, saçaricando o corpo franzino de 1,72 de altura e 63 quilos em várias escolas de samba de São Paulo e Rio de Janeiro, chegou o dia de ele, pela primeira vez, ser destaque. Fivelinha vai demonstrar sua verve carnavalesca num carro alegórico da Tom Maior, de São Paulo, sambando a uma altura de oito metros do solo. É o reflexo da fama de Maximiano Machado da Silva, nome verdadeiro deste mineiro de 37 anos, que se tornou conhecido como o demolidor jurado do programa VJ por um dia, da MTV, num momento em que a emissora ganha mais visibilidade. Foi só aparecer na telinha para virar personagem cult. Max Fivelinha – apelido que ganhou por causa dos vários acessórios que usa no cabelo – a todo instante é convidado para inaugurações de boates, júri de concursos de miss. Vai até inaugurar um site dando suas opiniões contundentes sobre moda no badalado MorumbiFashion. "Só não quero ofender nenhum estilista, para mim é tudo espetáculo", diz ele, exibindo um croqui da fantasia que vai vestir no desfile. Esta sim um espetáculo em vermelho e roxo, de tecido sintético laminado, coberto de 400 plumas, tendo às costas dois olhos de um monstro marinho.
Simplezinho
Uma verdadeira extravagância para quem no cotidiano diz se vestir de forma bem simplezinha, principalmente quando está trabalhando como maquiador da MTV, atividade que exerce há nove anos, desde que deixou de ser modelo por causa da baixa estatura.
Agora, içado para o vídeo, suas aparições viraram comentário entre a moçada. Tudo começou no início do ano passado, numa gravação do VJ por um dia na praia de São Lourenço, litoral norte paulista. À época, o hoje global VJ Cazé o chamou para avaliar a performance e as roupas dos candidatos. Sua opinião direta, sem subterfúgios, agradou e ele nunca mais saiu do programa. Aliás, Fivelinha já virou consultor informal de moda. Seja na rua ou na praia, as garotas não param de pedir sua opinião. "Fivelinha, estou fa-shion?", perguntam elas. "Não, minha filha, você está básica", alfineta ele. "Minha crítica é sempre construtiva, mas não fico pensando no que vou dizer, falo na lata mesmo. De um modo geral, os adolescentes brasileiros se vestem muito bem. Só não sabem escolher o sapato."
Sinceridade
Alguns já o rotularam de clubber. Fivelinha nega. "Sou de todas as tribos, frequento todas elas sem queimar meu filme." Mas o excesso de sinceridade já provocou arrependimento. "Uma vez falei a um menino que ele não era simpático, nem carismático, e muito apático, mas depois pedi desculpas, pois fui muito duro." De um modo geral, porém, sua espontaneidade é premiada. Ao final do VJ por um dia – que em breve voltará ao ar comandado por Luiz Thunderbird -, ele sempre ganha dezenas de fivelinhas coloridas da platéia para continuar a fazer jus ao apelido dado por Cazé. A fama repentina, contudo, demorou a ser totalmente assimilada. "Fiquei seis meses sem coragem de me ver no vídeo. Agora não, dou risada de mim mesmo e acho tudo muito engraçado." A MTV também. Tanto que a emissora pensa em escalá-lo para um programa próprio, num futuro breve. Sua coleção de fivelinhas deve aumentar ainda mais.
