fotos: Divulgação

TAPETE Telas no chão, iniciativa corajosa de Bia Lessa

No início da arte moderna, obras muito inovadoras costumavam escandalizar o público – e davam o que falar. Agora, na abertura da exposição Itaú contemporâneo, em São Paulo, foram dessa vez os próprios artistas que se sentiram chocados – o público, ao contrário, adorou. Motivo do espanto: em um dos segmentos da mostra dedicado a trabalhos abstratos, telas de 25 pintores, entre eles Paulo Pasta, Tomie Ohtake e Arcangelo Ianelli, foram expostas não nas paredes, mas no chão da Galeria Itaú Cultural. Os visitantes, por sua vez, aprovaram e gostaram dessa nova forma de se ver uma exposição – que se trata da maior revolução de espaço e de cenário promovida no Brasil. A autora da ousadia é a diretora de teatro Bia Lessa, duramente criticada e até ameaçada de ser processada pelos expositores. Ela se explica: “Como as obras são muito conhecidas, evitei colocá-las na parede porque seriam vistas em apenas 20 segundos. Na posição horizontal elas podem ser admiradas como se isso estivesse acontecendo pela primeira vez.” Reações como essa são comuns na trajetória de Bia, que recusa o título de cenógrafa – ela diz que o que faz é concepção espacial. Vale lembrar que, quando Bia mergulhou santos barrocos num mar de flores roxas e amarelas na Mostra do redescobrimento, a crítica alegou que o efeito visual comprometia a visão das obras – embora também naquela ocasião o público tenha aprovado a sua idéia. O fato é que hoje a busca de um visual de forte impacto vai se impondo não apenas em exposições, mas também no teatro, em óperas, musicais e até desfiles de moda. E é inegável que tais novidades seduzem o público.

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MUDANÇA Atores de O avarento contracenam em caixas de madeira

Sem desmerecer o excelente desempenho de Paulo Autran e companheiros na peça O avarento, em cartaz em São Paulo, muito do sucesso dessa encenação do espetáculo de Molière se deve ao criativo cenário de Daniela Thomas que colocou senhores e criados franceses atuando diante, e às vezes dentro, de caixas de madeira. “As pessoas estão cansadas de ter a mesma experiência e em resposta a esse fastio você pode ter desde coisas chiquérrimas, como é o trabalho da Bia, até coisas horríveis, que chamam a atenção apenas para o decorativo”, diz Daniela, também responsável pela concepção espacial da exposição do acervo da Tate Modern – com o mérito de que seus painéis com orifícios empolgaram a curadora do prestigiado museu inglês. Decorativo ou não, o efeito funciona. E é certo que, depois da polêmica dos quadros no chão, a exposição teve a sua freqüência aumentada em mais de 500 pessoas no último final de semana.

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