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SEXO E ILUSÃO: Kennedy (acima) é descrito como uma máquina de fazer sexo, a quem bastavam 20 segundos para chegar
ao clímax. Marilyn (também acima), que na época vivia com o dramaturgo Arthur Miller, sonhava em se tornar primeiradama dos EUA

A atriz Marilyn Monroe e o ex-presidente americano John Fitzgerald Kennedy protagonizaram um dos romances mais devassados do século XX – a intimidade entre eles era acompanhada a distância por dezenas, talvez centenas, de pessoas através de aparelhos de escuta clandestina instalados em qualquer lugar que o casal frequentasse. Há registros de diálogos entre Marilyn e Kennedy (que ela chamava pelo apelido "The Prez") que só são interrompidos pelo barulho do mar – isso quando eles estavam na casa de praia do presidente, no Estado da Flórida, onde existiam escutas até sob o deque da piscina. Recém-lançado no Brasil, o livro Marilyn e JFK (Objetiva, 216 págs., R$ 33,90), do escritor francês François Forester, pretende ser o mais completo "dossiê" sobre o caso de Kennedy (1917-1963) e Marilyn (1926- 1962). Forester, articulista da revista LeNouvel Observateur, pesquisou documentos oficiais e apresenta em sua bibliografia 123 obras que lhe forneceram pistas sobre os dois personagens cujas trajetórias estão entre as mais glamourosas e dramáticas do mundo.

Numa passagem do livro, acontecida no auge da Guerra Fria, Kennedy e Marilyn estavam imersos na banheira de uma suíte do Hotel Carlyle, em Nova York. Ele acabara de chegar de uma solenidade com ativistas nacionalistas americanos e Marilyn, segurando uma taça de champanhe Don Perignon, propõe um brinde: "À saúde de (Rudolf) Nureyev! (Vladimir) Nabokov! (Nikita) Kruschev! (respectivamente, bailarino, escritor e presidente da extinta URSS)." A provocação de Marilyn foi clara: os seus três homenageados eram russos. Segundo Forester, esses encontros íntimos estavam sendo escutados por uma ampla e diversificada rede de investigação.

E faziam parte dela o chefão do FBI, J. Edgar Hoover, e o diretor da CIA, James J. Angleton. Mas havia mais arapongas. O investigador Fred Otash, conhecido como "detetive das estrelas", também ouvia tudo – ele fora contratado pelo ídolo do beisebol Joe Di Maggio, que nunca aceitou o fim de seu casamento com Marilyn e seguiu-lhe os passos até a sua morte por overdose de medicamentos em 1962. A máfia também monitorava a privacidade dos amantes: Sam Giancana, chefe de uma organização criminosa que atuava em Los Angeles, acompanhava a vida do presidente passo a passo por motivos políticos e sentimentais. Ele queria saber quando JFK dormia com Judy Campbell, uma bela moça com a qual ele também mantinha um caso.

O autor relata os encontros dos amantes ao mesmo tempo que faz um retrato da época. O universo hollywoodiano é sintetizado numa fala do diretor Billy Wilder sobre Marilyn: "Sou o único que a dirigiu em dois filmes. A Academia de Cinema me deve uma medalha como aquela que se dá aos gravemente feridos na guerra." Num desses filmes, a comédia Quanto mais quente melhor, a atriz precisou de 48 tomadas para indagar: "Onde está o Bourbon?" No tocante à personalidade dos retratados, o livro desmitifica John Kennedy como o homem forte, o presidente que nasceu predestinado a liderar a nação americana. Descreve-o como um homem de saúde frágil (desde a infância) e que tomava decisões ao sabor das circunstâncias. A vida sexual movimentada de Kennedy já é conhecida, mas Forester vai além e mostra-o como uma máquina de fazer sexo – bastavam 20 segundos para que ele chegasse ao clímax. O autor desce a indiscrições (como as posições preferidas do chefe de Estado) e fala de tantas mulheres, tantas festas e tanta bebida que o leitor pode se perguntar que tempo sobrava para os assuntos oficiais.

 

JANELA INDISCRETA

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"Com ou sem Baía dos Porcos, com ou sem (Nikita) Kruschev, com ou sem visita a De Gaulle, as instruções são claras: os chamados de Miss Green têm toda a prioridade para The Prez"

"Ela devia dizer: onde está o Bourbon? Mas indagava: onde está o bombom?, onde está o botão?. Foram necessárias 48 tomadas para que ela acertasse"

(Trechos do livro Marilyn e JFK)