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O homem que já foi o mais rico do Brasil e o sétimo mais rico do mundo, com patrimônio calculado em R$ 30 bilhões, corre agora o risco de ser tratado como um grande caloteiro. Pelo menos é isso o que dizem as agências internacionais de avaliação de risco. Aos 56 anos, Eike Batista, dono de um império formado por 12 empresas que funcionam sob o guarda-chuva do Grupo EBX, viu, nos últimos dias, as ações de suas companhias virarem pó e seu nome se tornar sinônimo de fracasso empresarial. Pelo menos cinco delas podem ser vendidas – e há quem aposte que Eike ficará com ainda menos. Com negócios entre si, cada uma das empresas depende do bom funcionamento das demais para ter bons resultados. Mas a engrenagem supostamente azeitada pela redução de custos, riscos compartilhados e excelente marketing pessoal foi terrivelmente atingida na segunda-feira 1º, quando a OGX, braço de exploração e produção de petróleo e gás natural do Grupo, comunicou que não vai explorar três dos campos que vinha desenvolvendo. “Quem comprou ações nos IPOs (ofertas públicas iniciais, na sigla em inglês) esperando ganhos fantásticos, proporcionais ao sucesso que envolvia o executivo, deverá amargar grandes prejuízos”, diz Gilberto Braga, professor do IBMEC.

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IMENSO DESAFIO
Navio-plataforma da OSX, no Rio: para não afundar,
Eike precisa vender ativos e renegociar dívidas

Estima-se que as dívidas de Eike superem R$ 10 bilhões, valor suficiente para tornar tão incerto quanto perigoso o futuro do empresário brasileiro que fez mais barulho nos últimos anos. Eike virou símbolo de ousadia ao criar companhias numa velocidade surpreendente e conseguir recursos sempre convencendo seus credores com projeções espetaculares de retorno financeiro. O problema é que, passada a euforia inicial, o que se descobriu é que Eike superestimou o potencial de suas empresas. No caso da OGX, constatou-se que a exploração de alguns campos de petróleo é complexa e cara demais. No auge, em setembro de 2010, os papéis da OGX estavam cotados a R$ 23,39. Na quarta-feira 3, eles eram vendidos a R$ 0,45. A petrolífera ainda pode carregar para o fundo do poço a OSX, de construção naval, que aluga navios-plataforma. Para honrar os compromissos, parte do império construído a partir de minas de ouro na Amazônia poderá ser vendida. As reservas de ouro e de carvão, na Colômbia, e de minério de ferro, em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, além dos ativos da LLX, que constrói um porto gigante no norte do Rio de Janeiro, e da MPX, de energia, também estão na fila para serem repassadas. Os campos arrematados no último leilão da Agência Nacional do Petróleo devem igualmente entrar no pacote. “O grupo tem um portfólio vasto de ativos, mas não tem demonstrado capacidade financeira”, diz Roberto Altenhofen, analista da consultoria Empiricus.

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Restam poucas opções diferentes de se livrar de ativos para enfrentar dívidas e a desvalorização das ações. Além de vender empresas, Eike precisa desesperadamente renegociar seus débitos. Não será uma tarefa fácil. A EBX, controladora do grupo, não tem suas contas abertas, o que reforça a desconfiança. As quedas mais expressivas começaram há um ano, quando investidores perceberam o risco de insolvência. A queda na confiança se acirrou nas últimas semanas e agências de classificação de risco já consideram quase nula a chance de as empresas pagarem o que devem. Fora da Bolsa, outros negócios de Eike amargam resultados negativos, como os imobiliários, da REX, e os do ramo de esporte e entretenimento, da IMX. Com seu projeto de revitalização parado na Justiça, a Marina da Glória, porto no Centro do Rio, pode ser revendida. Já o controle do tradicional Hotel Glória – em obras desde 2008 – deve ser repassado a uma rede estrangeira. A IMX, que participa do consórcio que vai administrar o estádio do Maracanã, ainda corre risco de perder a concorrência se não encontrar dois times que garantam o uso do espaço por 35 anos. Pouco tempo atrás, Eike declarou que seu sonho era se tornar o homem mais rico do mundo. Pelo que se vê, essa meta agora virou um pesadelo.

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