Do nascimento até o desfralde (por volta dos 3 anos), um bebê suja de cinco mil a seis mil fraldas. Se elas forem descartáveis, levarão até 450 anos para se decompor. Somadas aos absorventes femininos, as fraldas ocupam a terceira posição entre os materiais que formam as montanhas nos aterros sanitários. Onde a maioria vê apenas lixo, a indústria enxerga oportunidades. Em decorrência, as prateleiras das lojas começam a abrigar produtos que cuidam do bebê sem devastar o ambiente.

chamada.jpg
A VIRADA
Produtos como fraldas biodegradáveis reduzem em mais
de quatro séculos a degradação provocada pelos bebês

Recém-chegada ao Brasil, a empresa alemã Wiona produz a única fralda biodegradável à venda no País. Com ela, o tempo de decomposição cai para cinco anos. O problema é que as peças custam mais que o dobro dos modelos convencionais. Pais “verdes” e com bolsos menos recheados podem aderir às fraldas de pano, que voltaram em versão 2.0. É o que oferece a empresária Ana Paula Silva, mãe de duas crianças. Ela criou há quatro anos a linha Bebês Ecológicos de fraldas de pano. As capas de tecido são ajustáveis e ficam com o bebê do nascimento até o terceiro ano de vida. Dentro delas, 20 unidades de fraldas recheiam a carcaça de tecido por todo esse período.

Além do preço, as mamães sustentáveis reclamam da dificuldade de encontrar produtos ambientalmente corretos. É o caso de Luisa Berlitz, que deu à luz a primeira filha, Dora, há dois meses. “Alguns produtos ou não existem no Brasil ou são muito mais caros que no Exterior”, diz. Apesar das dificuldades, ela cuida para que a bebê use apenas roupinhas de algodão orgânico, ou seja, cultivado sem agrotóxicos e tingido com corantes naturais. Uma das lojas nas quais abastece o guarda-roupa é a Chamomilla, principal grife brasileira na produção de roupas, sapatinhos, luvinhas, ursinhos, lenços e babadores ecológicos. O compromisso ambiental vai além da confecção: “Compramos matéria-prima apenas de pequenos produtores”, afirma Maria Karolina Duarte, dona da marca.

IEpag83e84_Sustenta-2.jpg
LIÇÃO DE CASA
A empresária Ana Paula Silva criou seus filhos, Violeta e Micah,
com fraldas de pano, produtos reciclados e cardápio vegetariano orgânico

Há produtos que, além de agredirem o ambiente, são danosos para a saúde. Encabeçam a lista mamadeiras e chupetas que levam plástico com biosfenol A (BPA). O uso desse material está proibido no Brasil desde o fim do ano passado, mas ainda há produtos com a substância nas prateleiras. O BPA é tóxico e tem sido relacionado a câncer e distúrbios hormonais. A indústria agiu com rapidez e as marcas mais consagradas do mercado já vendem chupetas e mamadeiras sem o material.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Além das fraldas, outro ponto em que bebês provocam estragos é a velocidade com que usam e dispensam itens como berços, cadeirões, cestinhas e brinquedos. Para evitar que tudo isso vire lixo, os pais podem alugar esses objetos em sites como BBZum, Clube do Brinquedo e Leite do Bebê & Cia. Neles é possível alugar esses produtos por um período determinado. E a criança cresce gerando menos dejetos. Completam a lista de produtos desenvolvidos para o bebê ecológico papinhas orgânicas, repelente natural, amaciante orgânico, além de móveis e brinquedos de madeira certificada. Com tudo isso, os recém-nascidos vêm ao mundo com a chance de deixar sua primeira marca apenas no teste do pezinho, e não numa pegada de carbono.

01.jpg


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias