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As algas não cansam de colaborar com a preservação do planeta. Primeiro, como as principais responsáveis por purificar o ar que respiramos. Seu processo de fotossíntese é até dez vezes mais eficaz que o de outras plantas. Mas esse trabalho de faxina tem sido pouco para elas. Cada vez mais, as algas vêm sendo usadas na geração de energia. O sucesso tem sido tão grande, que hoje elas ocupam um lugar no pódio das fontes com mais chances de se tornar o petróleo verde. O exemplo mais recente vem de um prédio residencial inaugurado em Hamburgo, na Alemanha.

Com 15 unidades de 50 m² a 120 m², o edifício BIQ é totalmente abastecido pela energia que vem das algas. Cultivadas entre as placas de vidro da fachada, elas captam tanto o calor solar como o gás carbônico da atmosfera. Em troca, devolvem uma biomassa que é transformada em biogás, distribuído na forma de energia elétrica ou de calor. Além de purificar o ar e acender lâmpadas, as algas funcionam como uma persiana natural, que bloqueia a luz do sol e resfria o espaço interno nos dias mais quentes. A energia gerada é tamanha que o prédio não precisa de nenhuma outra fonte. Pelo contrário, o que sobra é vendido para fornecedores da rede elétrica da cidade.

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O projeto alemão é mais um sinal de um futuro em que essas plantas estarão fornecendo boa parte da energia consumida no planeta. Razões para isso não faltam. Quando cultivadas, as algas chegam a dobrar de quantidade em poucas horas e podem ser colhidas diariamente. Suportam vários climas e métodos de produção. E, mais importante, rendem muito mais ocupando espaços bem menores. Em um metro quadrado, é possível obter de 1,75 a 4,75 litros de biocombustível a partir dessas plantas. Na mesma área, um usineiro de cana produz em média 0,8 litro de etanol.

Com esse desempenho invejável, as algas acabam motivando pesquisas no mundo todo. Projeto muito parecido com o do edifício BIQ vem sendo desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia Autossustentável (NPdeas) da Universidade Federal do Paraná. O plano é cultivar as plantas para que elas forneçam biocombustível suficiente para abastecer um prédio com seis apartamentos.
Inspirados pelas algas, os cientistas da Universidade de Tecnologia de Chalmers, na Suécia, deram um passo decisivo para reproduzir artificialmente a mais invejável habilidade vegetal: a fotossíntese. Para se aproximar do que faz a natureza, a equipe do professor Bo Albinsson usou a nanotecnologia para criar uma célula que imita o papel da clorofila nas plantas. Ou seja, captura a luz solar de forma que possa ser transformada em energia. “Nós criamos parte de um milagre”, comemora. Natural ou artificial, a energia que deriva das algas tem tudo para ocupar cada vez mais fachadas de prédios no futuro. Serão projetos que nascem verdes desde a planta.

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