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Apesar de ser a única estrela do nosso sistema e de influenciar a vida aqui na Terra, ainda há muito desconhecimento sobre o Sol. Cientistas tentarão preencher algumas dessas lacunas a partir desta quinta-feira (27), quando decola a missão Iris (Espectógrafo de Imagens da Região de Interface, na sigla em inglês), da Nasa.

Iris é um satélite que irá orbitar ao redor do nosso planeta e usar um avançado telescópio para observar uma região do Sol chamada interface, formada pelas áreas chamadas cromosfera e de transição e localizada entre a fotosfera, que é a superfície visível da estrela, e a coroa, a atmosfera externa onde os ventos solares são formados.

Um dos objetivos do projeto é tentar desvendar porque a temperatura na coroa solar, que pode chegar a um milhão de graus Celsius, é muito mas alta do que a temperatura da fotosfera (aproximadamente 6 mil graus Celsius), que fica mais próxima do núcleo do Sol. “A missão vai observar como os gases solares se movem, reúnem energia e se esquentam nessa região da interface”, diz Jeffrey Newmark, cientista responsável pela missão. “Nessa região é gerada a maior parte da radiação solar que provoca impacto no ambiente espacial próximo à Terra”, afirma.

A Terra e os outros planetas do nosso sistema localizam-se dentro da atmosfera estendida do Sol, a heliosfera, que é feita de matéria magnetizada, entrelaçada por radiação e partículas energéticas. “A radiação do Sol conduz o nosso sistema climático e sustenta a biosfera na Terra”, afirma Newmark. “Muita da nossa infraestrutura de comunicação, vigilância e navegação, incluindo sistemas de GPS críticos, operam em um ambiente criado e dirigido diretamente pela produção solar”, diz.

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Em épocas de intensa atividade, o Sol pode liberar quantidades enormes de energia magnética na forma de labaredas e ejeções de massa. “Esses eventos podem enviar partículas carregadas e radiação em direção à Terra”, diz Bill Abbett, professor do laboratório de ciências espaciais da Universidade da Califórnia e colaborador do projeto Iris. “Essas partículas interagem com o campo magnético terrestre e resultam na aurora em regiões polares e, dependendo da força, podem interferir nas comunicações entre satélites, redes de energia e voos na região polar”, afirma.

Para 2018, a Nasa planeja uma outra expedição, a Solar Probe Plus, que deve chegar bem próxima de nossa estrela. “É claro que será mais difícil, já que as partículas energéticas e a radiação podem danificar a instrumentação”, diz Bill Abbett. “A sonda terá um ‘escudo’ capaz de protegê-la contra a radiação e de temperaturas que podem chegar a 2000 oC”, afirma Jeffrey Newmark.

Em última instância, essas missões poderão ajudar a entender melhor como todos esses fenômenos solares interagem com a vida na Terra e a desenvolver estratégias para nos proteger de seus efeitos negativos. 


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