Conheça, em vídeo, esse prédio, onde é possível trabalhar e se divertir ao mesmo tempo:

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A primeira coisa que se vê, ao ultrapassar o imponente portão dos estúdios Pixar, em Emeryville, a 13 quilômetros de San Francisco, na Califórnia, é a escultura do abajur branco que serve de símbolo para a empresa. Apelidada de Luxo Jr., a luminária que ganha vida e faz estripulias na abertura dos filmes da marca resume a filosofia do estúdio. A fábrica de desenhos de onde saíram sucessos como “Toy Story’’, “Carros’’, “Ratatouille’’ e “Up – Altas Aventuras’’ nem se parece com um local de trabalho. Para instigar a criatividade dos animadores, roteiristas, diretores e técnicos, a empresa que revolucionou a animação nos anos 1990 deixa os mil funcionários literalmente brincar em serviço. Em pleno expediente, eles se deslocam pelos corredores em patinetes, jogam videogames ou descansam dos mouses em mesas de pingue-pongue. “Isso é fundamental quando lidamos com arte. O clima de descontração encoraja a equipe a correr riscos e buscar ideias inovadoras’’, disse à ISTOÉ o diretor Dan Scanlon, que faz a sua estreia em um desenho animado.

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ENCONTRO
O átrio do prédio abriga espaços comuns e foi concebido para
os funcionários interagirem: jogar conversa fora é permitido

Scanlon assina o novo longa-metragem do estúdio, “Universidade Monstros’’, que será lançado na sexta-feira 21. O filme é um “preâmbulo” (prequel) de “Monstros S.A.’’, que arrecadou US$ 563 milhões ao contar as aventuras de Mike, o monstro verde de um olho só, e Sulley, o peludo gigante azul. “Como a criatividade não é uma ciência, é preciso distrair a mente para ter êxito’’, afirma o cineasta. Tal aposta na espontaneidade, um dos pressupostos da chamada economia criativa, é uma herança da gestão de Steve Jobs (1955-2011), antigo dono do estúdio. Em consonância com a sua aposta na inventividade, ele contratou a empresa de arquitetura Bohlin Cywinski Jackson para conceber o prédio de dois andares, com uma área de 18,5 mil metros quadrados, inspirado nos grandes armazéns do início do século passado. No projeto, o centro da construção é ocupado por um átrio que funciona como uma ampla praça interna. Esse espaço comunitário, que se comunica com o saguão de entrada, inclui loja, sala de jogos, cafeteria e um bufê de cereais onde o funcionário pode se servir sem gastar um dólar. Para levar a equipe a se encontrar e interagir ao máximo, os arquitetos distribuíram pela área também os espaços comuns. Ou seja: na Pixar, pode-se jogar conversa fora à vontade.

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INFORMALIDADE
O diretor Dan Scanlon (acima), um funcionário de patinete
e um escritório decorado: na cartilha da economia criativa

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Tudo na empresa é pensado para criar um ambiente acolhedor e humano, fugindo da austeridade dos escritórios convencionais. Amparado por estruturas de aço, com vidraças do teto ao chão, o prédio privilegia a luz natural. “Aqui me sinto livre para ser eu mesma e para brincar”, diz a brasileira Priscila Vertamatti, há um ano na equipe de animadores, que trabalhou nas cenas de multidão de “Universidade Monstros’’. O seu passatempo favorito é o videogame: “Podemos parar e jogar a qualquer hora, desde que os prazos sejam respeitados. Por isso ninguém acha um saco trabalhar aqui.” Cada um decora o seu espaço como preferir. Os habituais cubículos com mesas e computadores dão lugar a escritórios personalizados, imitando casas, ambientes do velho oeste ou construções havaianas – e isso vale até para a sala do chefe do departamento de criação, John Lasseter, que exibe mais de 500 brinquedos nas estantes. “Ele é um moleque, proporciona um ambiente de universidade, com espírito jovem. Aqui o terno e a gravata não têm vez’’, diz a animadora brasileira Nancy Kato, 13 anos de casa, responsável por várias cenas do personagem Mike. “Quando não estou sobrecarregada, jogo vôlei de praia.’’ 

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Além de quadras, a área externa de 89 mil metros quadrados, cercada de verde, conta com campo de futebol, piscina olímpica, sala de ginástica, sauna, pista de corrida e um cinema de 150 lugares. A intenção de Jobs ao criar esse complexo de criação era garantir um ambiente de trabalho agradável. O resultado está mais que provado na prática. Scanlon, contudo, se acha um estranho no ninho: “O método só não funciona para tipos muito ansiosos como eu.’’ Ele passou quatro anos totalmente concentrado em “Universidade Monstros’’e teve pouco tempo para brincadeiras. “Olhar para fora e ver os funcionários se divertindo era a maior tortura’’, diz.

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Fotos: Deborah Coleman e Alexandra Ambrose / Pixar e Louie Psihoyos / CORBIS