Mesmo quem se arrepia só ao ouvir falar em teatro do absurdo, onde nada tem um sentido linear e situações bizarras causam reações esdrúxulas, vai se divertir com a nova montagem carioca do texto do inglês Harold Pinter. A peça mostra a espera impaciente de dois matadores profissionais, que aguardam pela vítima num quarto de hotel de quinta categoria. Mário Gomes consegue estar um pouco menos canastrão como o calculista Ben. O outro matador é Gus, o ótimo Luiz Salém, responsável pelas melhores tiradas do espetáculo, como o assassino sensível que tem náuseas ao lembrar de seus últimos serviços. O diretor Gilberto Gawronski acertou ao enfatizar o humor surrealista do texto, valorizado pelo clima noir do bem bolado cenário, que faz do teatro o próprio quarto de hotel. (C.M.)
VALE A PENA