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Um verso ecoa ao longo do quinto livro de poesia de Felipe Fortuna chamado “A Mesma Coisa” (TopBooks): “Todo poema toca ao menos no gatilho. E de repente contaminada a vida esparsa.” É da própria poesia – sua língua libertária, seus impasses e os desafios para quem a pratica hoje – que se ocupa a obra. No mais extenso dos poemas, que dá título ao livro, Fortuna trata da repetição, da impostura e de como versejar dialogando com a tradição – o que faz pensar no “eu é um outro” de Arthur Rimbaud e no “fingidor” de Fernando Pessoa. “O Suicida” enumera poetas que apertaram o gatilho no confronto das palavras com a realidade, como Sylvia Plath, Alfonsina Storni e Vladimir Maiakovski. “Contra a Poesia” faz justamente a sua defesa. “Nossa sociedade está baseada na imitação, na cópia e no plágio. A busca da originalidade não é original na medida em que se imita essa busca”, diz Fortuna. Na vertigem de sua prosa poética, ele mostra quão musical é a cadência de seus versos.

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+5 poetas contemporâneos

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Manoel de Barros (foto)
O mais aclamado poeta brasileiro vivo só teve sua obra amplamente divulgada a partir dos anos 1980. Venceu dois prêmios Jabuti

Alexei Bueno
Começou a publicar em 1981. Está lançando a coletânea “500 Anos de Poesia”, com traduções de sua autoria

Paulo Henriques Britto
Seu livro mais recente é “Formas do Nada”, de 2012. Com “Macau” venceu o Prêmio Portugal Telecom

Eucanaã Ferraz
Foi premiado com o livro “Assombro”. É organizador das novas edições dos poemas de Vinicius de Moraes

Antonio Cícero
Ficou conhecido como letrista das canções de sua irmã, Marina Lima. É autor de “Guardar” e “A Cidade e os Livros”

Fotos: Adriano Machado/ag. istoé; Washington Possato; Doane Gregor; Camille Garmendia;