A dura realidade das guerras, que apenas no século XX mataram 200 milhões de pessoas, não impede que a indústria de armamentos busque tecnologias menos agressivas ao meio ambiente. As iniciativas mais recentes – que incluem bombas que produzem menos fumaça e minas terrestres biodegradáveis (confira quadro) – podem soar paradoxais, mas mostram que nenhum setor da sociedade ou da economia pode ficar alheio à necessidade de preservação, mesmo que seu objetivo seja tirar vidas.

Entre as companhias que trabalham em projetos sustentáveis está a British Aerospace (BAE), responsável pela criação de um tanque de guerra híbrido, movido a diesel e eletricidade. Além de consumir até 50% menos combustível, o veículo, desenvolvido para o Exército dos Estados Unidos, pode gerar energia para carregar equipamentos eletrônicos e iluminar acampamentos.

Outro exemplo de guerra verde vem da empresa norueguesa Nammo, que criou balas sem chumbo. Pesquisas realizadas na Europa comprovaram que o metal tóxico vaza de projéteis em campos de tiro e pode contaminar águas subterrâneas. O Exército norueguês adotou a munição ecológica, e a companhia diz ter prevenido a liberação de 1.200 toneladas de chumbo no meio ambiente. “Já que armas e munição são necessárias, elas devem ser desenvolvidas da forma mais ambientalmente correta possível”, diz Urban Oholm, diretor da Nammo.

O Exército brasileiro entrou na onda verde e estuda, em parceria com a Petrobras, o desenvolvimento de fibra de carbono a partir de resíduos do refino de petróleo. “A indústria aeroespacial depende desse material, pois ele é mais leve”, diz o major Alexandre Taschetto, gerente do projeto carbono do Centro Tecnológico do Exército (CTEx). Isso se traduz imediatamente em menor consumo de combustível. Mas as aplicações da fibra vão além: cabos de ancoragem de plataformas de petróleo e até pás de torres de energia eólica podem ser feitos com o material. A guerra verde não é só ecologicamente correta, mas também pode ser lucrativa.

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