Nos próximos dias, Brasília não vai ganhar apenas um estádio de futebol. Palco da abertura da Copa das Confederações, que será realizada em junho, e da Copa do Mundo de 2014, o Estádio Nacional Mané Garrincha traz ao Brasil um conceito consagrado na Europa e nos Estados Unidos, mas incomum por aqui: o de arenas multiusos. Ele terá, de fato, múltiplas funções. Construído ao custo de R$ 1,2 bilhão, já nasceu com a ambição de transcender o campo esportivo. “A arena é um equipamento de desenvolvimento econômico”, diz Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal. Em vez de atrair apenas os amantes do futebol, a ideia é receber pessoas que buscam outras alternativas de lazer. “Vamos eliminar os conflitos familiares”, diz Cláudio Monteiro, secretário especial para a Copa do Mundo do Distrito Federal. “Enquanto o marido vai para a arena ver o jogo, a esposa pode acompanhá-lo e se divertir nas lojas, nos cafés, nos restaurantes.”

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RETA FINAL
A arena praticamente pronta: ela vai ajudar
a inserir Brasília na agenda cultural brasileira

A própria localização da nova arena é um fator que contribui para atrair pessoas de todos os perfis – e de diversas partes do Brasil. Ela fica no coração de Brasília e a poucos minutos a pé do setor hoteleiro, em uma região com variadas opções de lazer. Se o visitante preferir ir de carro, terá em seu entorno mais de oito mil vagas, comodidade rara de se encontrar em outros estádios do País. Uma vez lá dentro, o visitante desfrutará de um conjunto de serviços igualmente inédito. Serão 40 bares, 14 lanchonetes e dois restaurantes, abertos todos os dias e não apenas nas datas dos grandes eventos. Nesse ponto, a proposta é trazer uma diversidade de espetáculos que antes passava longe de Brasília, inserindo a cidade na agenda cultural brasileira. A capital federal tem um diferencial econômico: possui a maior renda per capita do País. É de se imaginar, portanto, que a arena tenha potencial para sempre lotar – e assim gerar dividendos para o Distrito Federal. Uma pesquisa recente mostrou que os brasilienses respondem por 30% do público de outros Estados presente em grandes eventos de São Paulo e do Rio. Com a Arena Mané Garrincha, essas pessoas terão a oportunidade de ir, por exemplo, a um concerto de rock sem a necessidade de pegar avião.

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O estádio surge como um novo monumento numa cidade cujo principal cartão-postal é a arquitetura monumental. “O projeto foi pensado para servir como transição entre a tradição arquitetônica e uma nova imagem para o futuro de Brasília, a da modernidade e da sustentabilidade”, explica o arquiteto responsável, Eduardo de Castro Mello. Assim, Mané Garrincha também inovou ao levar ao extremo seu compromisso com o meio ambiente. Essa preocupação não ficou apenas no campo conceitual. Na prática, ela será a arena mais “verde” do País. Pelo menos é isso o que indica o selo Leed Platinum, reconhecimento internacional conferido apenas a empreendimentos comprovadamente sustentáveis (leia quadro). “Brasília assumiu uma posição de vanguarda”, diz o secretário Cláudio Monteiro. “Passaremos a ser referência de sustentabilidade no mundo.” Dois exemplos marcantes reforçam essa constatação. A arena vai produzir, por meio de um sistema de captação da luz solar, toda a energia que consumir. Mas sua proposta vai além disso: a produção excedente será capaz de abastecer duas mil casas com alto perfil de consumo. O segundo diferencial diz respeito à qualidade do ar que os brasilienses respiram. O teto da arena foi equipado com películas que retiram da atmosfera poluentes lançados todos os dias por mil automóveis. A arena Mané Garrincha vai mesmo transformar Brasília.

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Foto: Ueslei Marcelino/REUTERS