Dizem que esta pode ser uma luta entre David e Golias travada em código binário. De um lado, o gigante Windows, rodando em mais de 90% dos computadores do mundo. Do outro, o pinguim, símbolo simpático do Linux com míseros 2,6%. Aparentemente, o páreo é uma barbada. Mas vamos com calma. O Linux está subindo na parada de sucessos mais depressa que um foguete e sendo aclamado como uma alternativa viável ao Windows. E o gigante já sentiu o golpe – executivos da Microsoft consideram o pinguim uma ameaça direta ao seu domínio.

Filho do finlandês Linus Torvalds, que o criou como um hobby enquanto estudava na Universidade de Helsinque em 1991, o Linux é uma variação do Unix, o guarda que controla o trânsito nos grandes computadores. Embora seja utilizado principalmente em servidores de rede, o Linux funciona em qualquer tipo de computador e é mais estável, rápido e seguro que qualquer outro sistema operacional. E o melhor de tudo: não custa nada, basta pegar na Internet (www.kernel.org).

Mas antes de sair blasfemando contra o Windows e correr para a Internet em busca do sistema operacional que veio do frio, convém saber que o Linux não é para os tecno-tímidos. Suas instruções de instalação podem causar pânico em quem tiver pouco conhecimento de informática. Lembra como era mexer com o DOS? Pois o Linux funciona na base das "linhas de comando". Apenas algumas versões, como a desenvolvida pela Red Hat, sua principal distribuidora americana (que tem como sócios a Intel e a Netscape), deram ao sistema operacional uma cara mais "amigável", no estilo Windows. Mesmo assim, enquanto o Windows 98 se instala sozinho, o Red Hat requer que o disco rígido do computador seja repartido, seus componentes identificados e mais uma série de exigências. Um trabalho duro – que só dá certo se você apagar o disco rígido e o Windows junto com ele. Para quem se arriscar, todavia, depois de instalado o Linux provoca hurras de entusiasmo. "É o melhor sistema operacional que existe. Representa uma revolução na mentalidade e na cultura da informática", festeja Fausto Freire, da Associação Linux Brasil, um dos muitos websites nacionais que promovem o sistema.

Tanto barulho está atraindo as grandes empresas do mercado. A Corel acaba de lançar por US$ 569 o NetWinder, computador menor que uma caixa de sapatos e projetado para rodar o Linux. Ela também distribui gratuitamente na Internet seu editor de textos WordPerfect 8 for Linux. A brasileira Tropcom montou uma fábrica em Miami para produzir e vender aos turistas brasileiros um PC de US$ 499 com Linux. IBM, Compaq, Dell, Oracle, HP e Silicon Graphics, entre outras, anunciaram planos de criar produtos para o sistema.

Tamanho sucesso contradiz a idéia de que software bom custa os olhos da cara. "É justamente o oposto", diz Torvalds, que garante que um "programa gratuito é melhor porque a reputação pessoal do seu autor está ligada ao produto. Se você está fazendo algo para dar de graça, sempre vai querer fazer o melhor que puder. É por isso que o Linux é um sucesso."