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O caimento impecável do vestido verde com estampas florais denuncia que a peça foi feita sob medida para a silhueta esguia de Eliza Bolen. Também pudera. A jovem senhora é ninguém menos do que a filha e musa inspiradora do estilista dominicano Oscar de La Renta, 81 anos, um dos mais prestigiados do mundo. Não bastasse ser a dona de um guarda-roupa invejável, ela é a herdeira, vice-presidente executiva e diretora criativa de um império que faturou US$ 600 milhões no ano passado e tem a perspectiva de dobrar ou mesmo triplicar esse número em um período de três a cinco anos. “O segredo é manter a grife constantemente renovada”, diz o CEO e marido de Eliza, Alexander Bolen. O casal esteve no País para o lançamento da nova fragrância feminina “Live in Love” e recebeu a reportagem de ISTOÉ para uma entrevista exclusiva. “O Brasil é um mercado muito importante para nós”, afirma Eliza. “Já estamos estudando algumas propostas para abrir uma loja nossa aqui em São Paulo e espero que isso se realize em breve.” Há 15 anos, ela está à frente da parte criativa da grife que foi fundada por seu pai em 1965, nos Estados Unidos. “Vivemos a empresa 24 horas por dia, falamos de negócios até na mesa do almoço de domingo. Somos emocionais em tudo o que diz respeito à grife. Esse é o nosso negócio, o nosso nome, a nossa família. E isso exige muito empenho.”

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Os De La Renta se mantêm inspirados nas empresas familiares que conseguiram sobreviver décadas tentando manter a sua independência. Este também é o caso da francesa Hermès, uma das maisons mais tradicionais e renomadas do mundo. A marca se prepara para anunciar, em junho, o seu novo CEO, Axel Dumas, membro da sexta geração da família. “Os mais novos enfrentam o desafio de conservar a identidade e os valores da grife, mas, ao mesmo tempo, inová-la. Isso sem falar da obrigação de manter o patrimônio da família”, afirma a consultora de marcas Marie-Océane Gazurek, da BrightHouse Brasil. Axel Dumas, por exemplo, tem a missão de tentar impedir o avanço da LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton, holding francesa especializada em artigos de luxo), uma história que teve início em 2010, quando o grupo comprou 14,2% das ações da Hermès. Em dezembro do ano passado, o conglomerado adquiriu ainda mais ações, passando a ser o detentor de 22,3% da marca francesa. Uma briga que promete, visto que está em jogo um patrimônio avaliado em € 25,4 bilhões.

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Carolina Herrera Jr, filha da estilista venezuelana Carolina Herrera, conferiu frescor à grife ao reformular a perfumaria da marca, trazendo ingredientes inusitados e novos conceitos de design aos frascos. “Somos duas pessoas diferentes que têm o mesmo nome. São dois mundos, opiniões e gerações”, diz. Nessa mesma linha segue Margherita Missoni, neta de Ottavio e Rosita Missoni, fundadores da empresa italiana. Ela é diretora do departamento de acessórios e embaixatriz da grife, mas tudo indica que deve ser a próxima a ocupar o lugar onde hoje está sua mãe, Ângela Missoni. A jovem conquistou seu espaço por ter uma visão mais moderna e aberta sobre os negócios, vendo com bons olhos, por exemplo, a parceria com redes populares e a possibilidade de criar uma segunda linha mais acessível. Tudo isso sem deixar de lado as cores e as estampas simbólicas da Missoni. “Uma marca familiar tem uma história e precisa continuar contando essa mesma história que mexe com o imaginário do consumidor”, diz a consultora Marie-Océane Gazurek.

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Fotos: Pedro Dias/ag. istoé; Wayne Tippetts/Rex Features; Shaun Mader/PatrickMcMullan.com/Sipa Press