O ator leonardo Miggiorin fez o papel de um rapaz cheio de espinhas na minissérie global Presença de Anita. Hoje,depois de fazer um tratamento, exibe a pele perfeita

O adolescente acorda para mais um dia de aula. Quando se olha no espelho para cuidar da higiene matinal, a lamentável surpresa. O horror dos horrores, uma espinha monstro,  surgiu. Mais uma. Imensa, gritante e tenebrosa para se juntar às outras que infestam seu rosto. Justo na semana em que tem festa! Em seu desespero, pensa que o jeito é se esconder em casa até que elas sumam. Muitos jovens vivem tormentos semelhantes. Esse tipo de manifestação é a acne, uma doença que atinge 80% dos adolescentes nos mais variados graus. Dona de um componente hereditário (50% de chances de aparecer, caso os pais tenham apresentado o problema), ela também transforma pessoas com mais de 25 anos em vítimas, porém numa proporção menor. De acordo com a dermatologista Denise Steiner, no livro Beleza levada a sério, 30% das mulheres adultas padecem desse transtorno.

Um rosto com acne, às vezes, é tão traumático que alguns médicos adotam atendimento de emergência para os adolescentes. É o caso da dermatologista Joana D’Arc, da Sociedade Brasileira de Medicina Estética. “É comum os jovens solicitarem um encaixe de urgência. Preciso ter sempre um horário disponível”, conta. De fato, a acne é um tema tão caro à garotada que a indústria da beleza está incrementando sua linha de produtos para os jovens. Recentemente, a Nívea lançou a linha Nivea Visage Young. Ela é composta de gel de limpeza de pele, tônico refrescante, gel creme para controle do brilho da pele e gel esfoliante (retira células mortas). Outra marca que adotou uma linha para a garotada foi a L’Oréal. Chamada de Pure Zone, ela tem cinco itens, inclusive um gel secativo para espinhas. A Natura, que já possui a linha de cosméticos Faces, também indicada para ajudar a tratar o problema, aumentará essa família com o lançamento, previsto para o final do ano, de itens como um pó que, além de disfarçar as espinhas, trata a pele. E a Johnson & Johnson acaba de engordar a linha Clean & Clear com dois artigos destinados ao combate dos cravos (pontos pretos que surgem por causa de poros entupidos pela oleosidade da pele). Todos esses produtos podem ser usados, é claro, por pessoas de qualquer idade.

Os cosméticos auxiliam no combate à acne, mas não eliminam o mal pela raiz. A verdade é que a doença tem cura. No entanto, essa informação não é conhecida por muitos jovens. Uma pesquisa feita pelo projeto Companheiros Unidos Contra Acne (Cucas), que desenvolve trabalhos com escolas, mostrou que, de dez mil alunos entrevistados, 64% não procuram ajuda médica. Como forma de estimular os adolescentes a buscar auxílio, o Cucas lançou no início deste mês uma campanha publicitária com a mensagem de que acne tem cura. O ator Leonardo Miggiorin, 21 anos, apóia iniciativas como essa. “Comecei a ter acne com 17 anos e só me livrei dela aos 20”, revela. Leonardo se tornou conhecido do público ao representar o personagem Zezinho na minissérie Presença de Anita, da Rede Globo. Justamente um rapaz caracterizado pelo rosto coberto de espinhas, um dos pré-requisitos do papel. Depois da minissérie, Leonardo procurou um dermatologista. Até então, ele só tinha realizado experimentos para combater o problema por conta própria. Uma vez, passou iodo e ficou com o rosto “queimado”. Concluído o tratamento, ele mantém uma rotina de cuidados com a pele e exibe um rosto imaculado. A estudante Lynn Court, 19 anos, do Rio de Janeiro, foi outra que se livrou do problema. Seu quadro era leve, e em cinco meses ela estava curada. Confessa, no entanto, que passou por momentos de angústia com as primeiras manifestações. “Tinha poucas espinhas, mas fiquei desesperada quando elas apareceram”, diz. Hoje, está satisfeita com a pele impecável.

Fotos: André Dusek

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A acne está ligada a uma unidade da pele chamada folículo pilo sebáceo. Essa estrutura contém pêlo e glândula sebácea, que produz o sebo. É por meio do folículo que se libera essa gordura. A situação se complica se a epiderme está excessivamente oleosa. Nesse caso, os poros ficam obstruídos, fazendo com que o sebo se acumule. Isso provoca o nascimento de cravos e espinhas. Como se não bastasse, bactérias presentes na pele se proliferam e levam a um quadro inflamatório. O aumento na produção de andrógenos (hormônios masculinos), principalmente, funciona como gatilho para o problema porque eleva a oleosidade da cútis. Por isso, a enfermidade é mais constante na adolescência, quando os hormônios estão em ebulição.

Carlos Magno

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O tratamento leva de seis a oito meses. Há substâncias que diminuem a formação de proteínas que bloqueiam o canal de liberação do sebo. Outras combatem a inflamação bacteriana (antibióticos). E existem também as que regularizam o equilíbrio hormonal. Uma delas é a flutamida, que age sobre a testosterona, um dos hormônios masculinos associados à acne. Embora eficaz, ela é perigosa. Se uma mulher que a utiliza engravidar de um menino, há o risco de o bebê nascer com a genitália com características femininas, já que a produção do hormônio foi prejudicada. Além disso, pode causar lesões hepáticas.

Uma das armas mais festejadas é a isotretinoína. A substância, oferecida também na rede pública de saúde, pode ser encontrada em comprimidos e em cremes. Ela promove a cura nos casos das acnes mais graves ou quando a doença “resiste” às demais terapias. “É uma excelente opção, mas não é por causa disso que qualquer paciente deve recorrer ao remédio”, alerta a médica Malba Bertino. Assim como a flutamida, é contra-indicada para mulheres em idade fértil que não usam métodos contraceptivos. O composto causa má-formação fetal.

De seis meses a um ano após o tratamento, de acordo com o dermatologista Erasmo Tokarski, de Brasília, o paciente pode recorrer a procedimentos estéticos para eliminar cicatrizes. “Algumas pessoas podem voltar a manifestar a doença até um ano depois. Por isso, é bom esperar um certo tempo”, explica. Aplicações de laser e de terapias que envolvam radiofrequência, como o ThermaCool, auxiliam a formação de colágeno (substância que dá sustentação às fibras da cútis). Isso permite a uniformização da pele. Peelings (processos de descamação) também apresentam bons resultados. Para evitar que o problema se agrave e deixe marcas profundas, deve-se procurar um médico o mais cedo possível. O estudante Caio Catarcione, 15 anos, de Brasília, seguiu o conselho. Ele notou que alguns cravos estavam surgindo e não teve dúvida. Em fevereiro, foi a um dermatologista. Seu tratamento consiste em lavar diariamente a face com um sabonete contra acne, aplicar à noite um gel sobre o rosto e passar protetor solar durante o dia. “Tenho minha dose de vaidade. E na minha turma, todos têm seus truques”, conta.