financas_01.jpg

A taxa de juros alta, como se sabe, tem dois lados: o do devedor e o do investidor. O lado de quem lucra está espelhado com fidelidade nos resultados obtidos em 2004 pelo Tesouro Direto, que permite ao público comprar títulos federais pela internet, sem passar pelos fundos de investimento dos bancos. Em 2004, o programa, criado pelo governo em janeiro de 2002, conseguiu dobrar as aplicações, chegando a R$ 688,8 milhões. Perto dos bilhões ostentados por alguns fundões, o volume é modesto. O Tesouro Direto ainda é pouco procurado pelo público, apesar de representar uma raríssima alternativa de investimento em títulos públicos federais dirigida à classe média (a aplicação mínima é de aproximadamente R$ 200), com rentabilidade comparável à oferecida pelos bancos aos clientes graúdos, do tipo private. Mas não há banqueiro ou operador do mercado que não o conheça e, entre quatro paredes, que não o elogie. Muitos dos 32,7 mil clientes cadastrados são funcionários de bancos e corretoras.

O Tesouro Direto oferece produtos iguais aos que povoam os fundos de investimento de renda fixa: LTN, NTN-B, NTN-C, NTN-F e LFT, todos concorridos títulos federais. A diferença está nos custos. Nos fundos dos bancos, clientes que têm menos de R$ 10 mil para aplicar pagam taxas de administração entre 2,5% e 5% ao ano sobre o saldo da aplicação. Já os private, com mais de R$ 100 mil disponíveis, conseguem taxas de administração na casa de 0,5% ao ano. No Tesouro Direto, os custos, somados, não passam de 1% ao ano, podendo baixar a 0,5% se o dinheiro ficar aplicado por alguns anos. Por isso, a sua rentabilidade é imbatível quando comparada à da maioria dos fundos de renda fixa. “O Tesouro Direto é uma forma de democratizar o acesso ao mercado. É uma aplicação rentável e segura”, garante o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, José Antônio Gragnani.

Para aplicar, o interessado deve procurar uma corretora ou banco credenciados pelo Tesouro e se inscrever. A partir daí, é possível iniciar as compras pela internet. Em geral, as corretoras, que cobram uma taxa sobre cada aplicação, orientam os clientes na escolha dos papéis. As LTN e as NTN-F têm rendimento prefixado (quando compra o papel, o investidor já sabe o rendimento que receberá no final). As NTN-C são corrigidas pelo IGP-M, as NTN-B são atualizadas pelo IPCA (o índice de inflação usado pelo Banco Central), e as LFT, corrigidas pela taxa Selic, a taxa básica do BC. Em 2004, a procura recaiu sobre as NTN-C (37,81% das aplicações), já que o IGP-M sofre maior influência da variação do dólar. Mas as LTN, prefixadas e de prazo mais curto, também foram disputadas, abocanhando 34,37% das compras. Quem entende do riscado dá a dica: deve-se escolher os papéis conforme o prazo da aplicação e tentar mantê-los até o vencimento. Mais informações estão contidas na página do Tesouro na internet: www.tesouro.fazenda.gov.br.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias