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RETOMADA
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia um novo
pacote de investimentos em infraestrutura e anima investidores

Nos últimos dias, o governo brasileiro tem se dedicado a uma tarefa que já foi mais fácil: convencer investidores estrangeiros que colocar dinheiro no País é, sim, um bom negócio. Na terça-feira 26, o ministro da Fazenda, Guido Mantega esteve em Nova York e, diante de uma plateia de empresários americanos, expôs as vantagens do novo plano de concessões para obras de infraestrutura de transporte. Na quarta-feira 27, Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apresentou o mesmo discurso para investidores ingleses. Por trás do esforço de vender o Brasil está uma questão nevrálgica para o governo Dilma Rousseff: o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. O avanço tímido (pouco mais de 1%, segundo projeções) da economia no ano passado colocou, nos ombros da presidente Dilma, o peso de fazer o PIB andar com mais velocidade neste ano. Para que isso aconteça, uma possível retomada do investimento internacional pode ter um papel decisivo. “O governo melhorou as condições de financiamento e, com isso, animou os investidores”, afirma Bráulio Lima Borges, economista-chefe da LCA Consultoria.

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RODOVIAS
Em Belo Horizonte, a BR 040 foi uma das primeiras
a receber investimentos do governo

O novo programa de concessões da presidenta Dilma prevê investimentos de US$ 235 bilhões em portos, ferrovias, aeroportos e nas áreas de óleo, gás e energia elétrica. Para seduzir parceiros internacionais para esses projetos, o governo oferece até 15% de lucro sobre o valor desembolsado, percentual acima do praticado no mercado em operações parecidas. “É um rendimento muito atrativo”, disse Mantega. “Não se encontram taxas de retorno dessas na maioria dos países.” O governo brasileiro está jogando pesado. O prazo para a exploração dos projetos também foi ampliado. No caso de rodovias, o período de amortização passou de 25 para 30 anos. Além da vocação para impulsionar o PIB, obras de infraestrutura são vitais em um país com gargalos históricos nessa área. O problema se agravou de alguns anos para cá. Um relatório produzido pela consultoria Brain Brasil em parceria com o Banco Mundial constatou que, no País, o percentual dos investimentos em infraestrutura em relação ao PIB caiu gradativamente desde a década de 1970, saindo de 5,4% para um patamar atual próximo de 2%. A ação do governo foi vista com bons olhos por especialistas. “O Brasil é o país com a maior diversidade de oportunidades de negócios do mundo emergente”, diz Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco. “Investimentos em rodovias, portos, aeroportos e no setor energético vão garantir o ciclo de crescimento na próxima década.”

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Depois de alguns meses de certo desânimo, começaram a surgir, nos últimos dias, indicadores que apontam para um crescimento mais vigoroso da economia brasileira em 2013. Na quarta-feira 27, o banco Credit Suisse divulgou um relatório que projeta uma alta de 4% para o PIB, acima das previsões médias de 3% do mercado. Detalhe interessante: foi o mesmo Credit Suisse que, em 2012, causou certo rebuliço ao antecipar o desempenho frustrante da economia naquele ano. Também na semana passada, empresários do setor de aço – um dos mais influentes da economia – relataram aumento da produção e ritmo intenso de vendas, o que indica que 2013 será um período de recuperação. Na área do agronegócio, há a previsão de safra recorde de grãos, o que também trará efeitos positivos para o PIB. “O apetite por investimentos está voltando”, diz Barros, do Bradesco. Espera-se que ele volte com força máxima.

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