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Raphaël Zarka, revelação da jovem arte contemporânea francesa, realiza sua primeira individual em território brasileiro. Na mostra “Gramática e Coletânea”, na galeria Luciana Brito, Zarka apresenta um conjunto de 19 obras, a maioria feita especialmente para a ocasião. O título da exposição se baseia no livro “A Gramática dos Ornamentos”, escrito no século XIX pelo arquiteto inglês Owen Jones, que propôs um conjunto de teorias sobre formas, cores e padronagens, considerado um importante guia das artes aplicadas.

Na mostra, Zarka apresenta trabalhos realizados a partir de pesquisa sobre arte brasileira, que se enquadra em uma ampla investigação do artista sobre a tradição geométrica dentro da história das linguagens visuais. Longe de se ater a um purismo formal, o artista francês busca expandir a relação entre forma e estrutura para além do campo da escultura, ampliando sua experimentação para a fotografia, a pintura, o desenho e a apropriação de imagens do livro de Jones.

Ao tentar configurar sua própria gramática, o artista cria peças modulares feitas de jatobá maçico. Em sua geometria poética, flerta com as premissas do neoconcretismo brasileiro, e em especial com a obra de Waldemar Cordeiro, artista do qual se declara grande admirador. Devedoras diretas dessa tradição são as esculturas da série “Les Prismatiques” (Os Prismáticos) na qual dois trabalhos de madeira fazem alusão ao processo lúdico dos jogos de construção, como o Tangram, um típico quebra-cabeça chinês.

O encontro com outras linguagens tradicionais da história da arte também se dá nessa poética estruturalista de formas livres.
Na obra “Deduction” (Dedução), Zarka extrai formas de placas de madeira com características pictóricas que remetem à história da pintura, por meio de suas geometrias e perspectivas.