Memórias do mar aberto – Medéia conta sua história
(Teatro Sérgio Cardoso, São Paulo) – Na tragédia grega escrita por Eurípedes, autor de uma das quatro versões de Medéia, a feiticeira se apaixona pelo argonauta Jasão, ajuda-o a conquistar o velocino de ouro, mas acaba sendo traída pelo amante, que se encanta por uma princesa, provocando sua ira vingativa. Na versão da consagrada autora Consuelo de Castro, a vingança sangrenta continua existindo, mas o motivo da traição recai sobre o poder construído em cima de alianças políticas. Consuelo desconstruiu o mito, dando-lhe feições contemporâneas. Também revestiu a trama densa de vários toques de humor, principalmente na figura do rei Creonte, muito apropriadamente incorporado por Francarlos Reis. Todo o elenco, aliás, mostra grande intimidade com o texto dirigido por Regina Galdino. Cássio Scapin imprime o tom exato às manipulações de Jasão. E Leona Cavalli carrega na sua Medéia a força de uma guerreira empenhada numa revanche de desenlace trágico para todos. (Apoenan Rodrigues).


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias