CAi GUO-QIANG – DA VINCIS DO POVO/ Centro Cultural Banco do Brasil e Museu dos Correios, Brasília/ de 5/2 a 31/3

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FOGO
Em "Desire Zero Gravity", o artista criou desenhos com pólvora incendiada

Cai Guo-Qiang conta uma história curiosa sobre uma das maiores descobertas originadas de seu país, a China. A pólvora – em mandarim “huo yao” – significa originalmente “remédio de fogo”. Descoberta por alquimistas chineses durante a dinastia Han, ao redor do século 200 a.C., a farinha mágica era usada como fármaco e, quando incendiada, servia de sinal de alerta em cidades assoladas por pragas. “O que as pessoas não sabiam naquela época é que as fumaças sulfurosas presentes na pólvora eram antissépticas e impediam as infecções de se espalharem”, diz à ISTOÉ o artista que elegeu a pólvora seu principal elemento de criação artística.

Ganhador do Leão de Ouro da Bienal de Veneza de 1999 e responsável pelas cerimônias de encerramento na Olimpíada de Pequim em 2008, o chinês ficou conhecido pelos seus desenhos realizados com pólvora e fogo, que o público brasileiro poderá conhecer na sua primeira individual no País, a partir de 5 de fevereiro, em Brasília.

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PIROTÉCNICO
Cai Guo-Qiang veio ao Brasil pesquisar sobre fogos de artifício

Intitulada “Da Vincis do Povo”, a mostra lança luz sobre a criatividade milenar do povo chinês no uso da pólvora para diferentes fins – nunca bélicos –, além de apresentar o trabalho desse que é considerado um dos maiores artistas contemporâneos da China. Em uma sala, Guo-Qiang apresenta inúmeras invenções – feitas de sucatas, cacarecos e com as mais diferentes finalidades –, criadas por camponeses chineses e colecionadas por ele ao longo dos últimos dez anos. “Leonardo da Vinci, assim como os responsáveis por esses inventos, representa a curiosidade humana, o nosso desejo de fazer as coisas e explorar mundos desconhecidos. As máquinas de Da Vinci são mais científicas do que as dos camponeses, mas essas também são artísticas porque têm esse poder da intuição. O título, ‘Da Vincis do Povo’, é um tributo que faço à criatividade”, comenta Quo-Qiang.

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A ponte entre o passado de criatividade e a atualidade tecnológica também aparece em uma instalação onde 29 robôs feitos à mão, em parceria com o criador chinês Wu Yulu, simularão criações de artistas famosos como Jackson Pollock, Damien Hirst, Yves Klein e Bruce Nauman. As obras desenvolvidas pelos robôs – programados para pintar, além de desempenhar ações artísticas diversas – serão colocadas à venda durante a exposição.

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HIGH TECH
Em "kites" (acima), Guo-Qiang cria instalação feita de pipas
com projeções e, em "Robot Factory" (abaixo), robôs fazem arte

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Apesar de esta ser a primeira mostra individual do artista no Brasil, Quo-Qiang já visitou o País em outras ocasiões. Durante os anos de 1999 e 2000, trabalhou com crianças e adolescentes no projeto Axé Social, do Museu de Arte Moderna da Bahia, por meio do qual lhes ensinou a criar canhões para um projeto artístico. Em 2004, o artista integrou a 26ª Bienal de São Paulo. O viés educativo de seu trabalho também aparece na mostra de 2013, já que o projeto compreende oficinas onde crianças poderão criar seus próprios robôs. Após Brasília, a mostra seguirá para as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Fotos: Justin Jin, courtesy Cai Studio; Joshua White/JWPictures.com, courtesy The Museum of Contemporary Art, Los Angeles


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