A eleição nos diretórios estaduais do PT escancarou o racha no partido e mostrou que a repetição da aliança com o PMDB nos Estados está cada vez mais complicada. Em conversa com auxiliares nos últimos dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que, em pelo menos cinco Estados importantes, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência, terá que subir em dois palanques. São eles: Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pará. Em São Paulo, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) confirmou à ISTOÉ que lutará para viabilizar sua candidatura ao governo do Estado. Apesar do desejo de Lula de lançar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) como candidato de consenso, Suplicy é o sexto petista a apresentar seu nome ao Palácio dos Bandeirantes. Além dele, postulam a vaga o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, a ex-prefeita Marta Suplicy, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, o deputado Arlindo Chinaglia e o ministro da Educação, Fernando Haddad. “Acredito que conseguirei as assinaturas para oficializar meu nome”, disse Suplicy.

A situação mais difícil para o PT é a de Minas Gerais. De um lado da trincheira, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, e do outro, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, ambos pré-candidatos ao governo de Minas no ano que vem. Diante dos recursos pedindo a impugnação do pleito – vencido por Reginaldo Lopes, ligado a Pimentel –, a apuração de cerca de 15 mil votos foi interrompida. O clima é belicoso e não há dúvida de que deixará sequelas para 2010. Na quarta-feira 9, Patrus, que apoiou Gleber Naime, mandou uma carta à direção do partido pedindo intervenção nacional no processo eleitoral no Estado. “Herdaremos dessa eleição um partido dividido, sangrando e exposto ao escárnio público”, disse à ISTOÉ o ex-deputado estadual Rogério Corrêa, aliado de Patrus. Mesmo que Reginaldo seja declarado vencedor, Patrus não abrirá mão de disputar com Pimentel as prévias para decidir quem será o candidato do PT ao governo.

“O partido está dividido,
sangrando e exposto
ao escárnio público”

Rogério Corrêa, dirigente do PT-MG

No Rio, embora o PT pró-Sérgio Cabral, representado pelo deputado Luiz Sérgio, tenha vencido a disputa contra Lourival Casula, candidato do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, a eleição também foi acirrada e rachou o partido. Lindberg garante que vai lutar até o fim pela sua candidatura ao governo. “Perdemos apenas uma batalha, mas vamos ganhar a guerra”, disse. Já Luiz Sérgio, novo presidente do PT do Rio, afirma que as chances de Lindberg se lançar candidato ficaram reduzidas. “A nossa tese pela aliança com o PMDB saiu vencedora.” Como se vê, às vésperas do ano eleitoral, os petistas continuam não falando a mesma língua.

Colaborou Alan Rodrigues

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