O ano de 1968 é emblemático na história recente do País. Trouxe um sopro de renovação nos costumes, nas artes, na música, na literatura e desaguou na contestação ao regime militar, levando multidões às ruas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Quem tem mais de 45 anos deve se recordar das batalhas com a polícia nas ruas do centro carioca ou da Marcha dos 100 Mil, quando a ditadura teve de engolir um mar de gente ocupando a avenida Rio Branco. Mas, enquanto o Rio ganhava as manchetes, em Brasília – a distante capital federal ainda em construção – o movimento estudantil adquiria feições mais radicais.

Reunidos na Universidade de Brasília (UnB), os filhos de funcionários públicos e dos militares, transferidos quase à força para o então empoeirado Planalto Central, provocaram no governo uma reação muito acima do esperado. Tais fatos estão descritos no livro A rebelião dos estudantes – Brasília, 1968 (UnB, 456 págs., R$ 45), do jornalista Antonio de Padua Gurgel, à época militante do movimento secundarista e depois da universidade. É um documento que resgata para todo o Brasil a luta daquele pequeno grupo que, durante um ano, conseguiu colocar o poder contra a parede. Baseado em farta documentação, a obra é leitura imprescindível para quem quer saber mais sobre o recente passado brasileiro. Também relembra que 1968 começa luminoso para depois terminar nas trevas do AI-5.