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Em 2012, o Brasil conheceu um número assustador: há mais brasileiros morrendo por causa do diabetes do que por traumas causados por acidentes de trânsito. No total, 12 milhões de pessoas têm a doença, mas apenas metade sabe. Mal controlado, o diabetes eleva o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e de complicações como a cegueira. É também a principal causa de amputações de membros inferiores no Brasil. “Barrar a sua rápida disseminação, favorecida pela epidemia de obesidade (o excesso de peso predispõe à doença), exige ações constantes”, diz Balduíno Tschiedel, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.

Há avanços. Desde fevereiro de 2011, os diabéticos podem retirar os medicamentos fornecidos gratuitamente em farmácias credenciadas com receitas do SUS e de médicos particulares. Antes, podiam fazê-lo apenas em unidades básicas de saúde e com receita do SUS. Em dois anos, a medida aumentou em 370% o acesso e teve impacto nas internações. “Pela primeira vez, a partir de 2011 elas pararam de aumentar”, disse Alexandre Padilha, ministro da Saúde.

Mas há muito a ser feito. Falhas de gestão ainda causam a falta de remédios de uso contínuo e de tiras reagentes usadas nos testes de glicemia (feitos até quatro vezes por dia por alguns pacientes). “Em Minas Gerais, as tiras estão em falta há cerca de três meses, prejudicando o controle da doença”, aponta Ione Taiar Fucs, coordenadora jurídica da Associação de Diabetes Juvenil (ADJ).

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Profissionais da saúde também precisam ser mais bem capacitados. Seu despreparo aparece na falta de orientação aos pacientes. “Metade dos diabéticos adultos erra na dose de insulina, por exemplo. Não sabem como fazer certo”, aponta Augusto Pimazoni, especialista em educação e controle do diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão, em São Paulo. Quem recebe informações constantemente em associações ou ambulatórios tem menos complicações e internações. Na área educativa, o governo lançou um portal com vídeos para pacientes e cursos de capacitação a distância para os profissionais da saúde. Prevê também nova edição do Caderno de Atenção Básica ao Diabetes e o investimento de R$ 371 milhões até 2014 em academias ao ar livre. “Orientação nutricional e exercício são essenciais ao controle da doença”, diz a médica Denise Franco, da ADJ.

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Em 2013, será feita a revisão da lista de drogas gratuitas para o diabetes. As associações e médicos querem a inclusão de insulinas mais recentes, chamadas de análogas, e duas classes mais novas de comprimidos (os inibidores de DPP4 e os análogos de GLP-1). Eles consideram as insulinas análogas o melhor tratamento para os diabéticos tipo 1 e crianças. Hoje o acesso a tais remédios é objeto de muitas ações judiciais. “A judicialização aumenta gastos e burocracia. Seria melhor incluí-los e comprar a preços mais baixos”, diz o médico Fadlo Fraige Filho, presidente da Associação Nacional de Assistência ao Diabético. “A tendência do governo é manter a liberação apenas em casos específicos”, diz o ministro Padilha.


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