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CONQUISTA
Arthur Zanetti nas argolas: ouro inédito na
ginástica artística e a quebra de um estigma

O Brasil bateu seu recorde de medalhas em uma edição na Olimpíada de Londres-2012, faturando 17 no total, sendo três de ouro, cinco de prata e nove de bronze. Do trio de conquistas douradas, dois feitos foram inéditos: na ginástica artística e no judô feminino, em atuações irrepreensíveis nas argolas e no tatame, respectivamente, de Arthur Zanetti e Sarah Menezes, ambos com 22 anos. “Faltava uma medalha para quebrar a barreira e acabar com essa história de que nós não vencemos”, declarou Zanetti à ISTOÉ, referindo-se ao estigma de que os ginastas brasileiros “amarelavam” na hora da decisão. As conquistas da dupla foram tão inesquecíveis quanto a virada da seleção feminina de vôlei, na final contra as rivais russas. Mas, ao fim da jornada londrina, a impressão é a de que poderia ter sido melhor, pois a evolução ficou aquém do que era esperado pelos torcedores, governo e comitê olímpico.

Conquistas dadas como certas resultaram em decepção. O ouro não veio no futebol com a geração de Neymar, no iatismo com Robert Scheidt, no atletismo com Maurren Maggi e Fabiana Muller e na natação com César Cielo, que antes mesmo de conquistar Pequim-2008 já reinava absoluto como o nadador mais rápido do mundo. “Como Cielo ganhou tudo nos últimos cinco anos, todos esperavam o ouro, mas conquistar uma medalha olímpica é fantástico”, afirmou o medalhista olímpico e comentarista Fernando Scherer, o Xuxa, referindo-se ao bronze obtido por Cielo na prova dos 50 metros estilo livre em Londres. O brasileiro admitiu que houve um erro de estratégia na preparação. “Não deveria ter disputado os 100 metros”, disse. Ainda assim, Cielo continua sendo nossa maior esperança de vitória nas piscinas do Rio de Janeiro, em 2016, ao lado de Thiago Pereira, que levou a prata nos 400 metros medley. “Meu objetivo no próximo ciclo olímpico é o ouro nos 200 metros medley, minha especialidade, e vou fazer de tudo para conseguir”, disse Pereira.

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GLÓRIA
Aos 22 anos, Sarah Menezes foi a primeira
mulher a conquistar o ouro no judô

Logo após o fim dos Jogos de Londres, o Ministério do Esporte anunciou uma série de medidas, que incluem a construção de novos centros de treinamento, contratação de técnicos de ponta e incentivo financeiro para atletas de alto rendimento, a exemplo da Bolsa Pódio, destinada aos 20 melhores esportistas ranqueados em modalidades individuais, que poderão receber auxílios mensais de R$ 5 mil a R$ 15 mil. Do total de R$ 2,5 bilhões, R$ 1 bilhão do Plano Medalhas será investido na preparação de atletas e obras de infraestrutura. O secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser Gonçalves, afirma que será criada uma rede de centros de treinamento para várias modalidades.

Mas dinheiro não é tudo. Planejamento é outra palavra-chave, pois formar um campeão olímpico leva tempo. Este foi o caso do boxe, que nos trouxe três medalhas olímpicas – duas de bronze e uma de prata, Adriana Araújo, Yamaguchi Falcão e Esquiva Falcão – após 44 anos. Desde julho de 2010, as confederações de boxe, esgrima, levantamento de peso, remo e tae kwon do participam do projeto Plataforma 2016, que é capitaneado por Maria Paula Gonçalves, a Magic Paula, medalhista de prata com a seleção feminina de basquete em Atlanta-1996. Financiado pela Petrobras e gerido pelo Instituto Passe de Mágica, da ex-atleta, mais 100 esportistas dessas modalidades recebem apoio técnico, logístico e financeiro. “É preciso traçar metas realistas e foi isso que pedi aos presidentes das confederações no início do nosso trabalho”, afirma.

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Outra lacuna que ficou evidente nos últimos Jogos foi o despreparo psicológico dos nossos atletas para suportar a pressão de disputar uma Olimpíada, redobrada quando se pensa que a próxima será justamente em casa. “Alguns esportistas admitiram que ficaram tão nervosos que não sabiam o que fazer no momento das provas. Vamos reforçar este preparo no próximo ciclo”, disse o chefe de delegação de atletismo em Londres-2012, Martinho Nobre dos Santos. Para não fazer feio diante da torcida, nossos atletas precisarão aperfeiçoar corpos e mentes.


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