Em mais um capítulo na eterna busca para solucionar o mistério dos faraós, um pequeno assistente cumpriu à risca seu papel de arqueólogo cibernético. A equipe de egiptólogos e de engenheiros enviou um robô com esteira rolante para se esgueirar por 65 metros num dos corredores estreitos e claustrofóbicos da maior pirâmide do Egito, Quéops, a poucos quilômetros da capital Cairo. O Pyramid Rover, ou explorador de pirâmides, em português, é um robô equipado com câmera de vídeo, sonda perfuradora e sensor sísmico.
Na semana passada, o assistente robótico fez sua primeira parada ao atingir um sólido bloco de calcário ornado com duas alças de cobre. Monitorado por um controle remoto, o explorador de pirâmides perfurou a rocha para descobrir o que havia do outro lado. Acabou trombando com outra parede, mantida em segredo há quatro milênios. Agora o foco da missão volta-se para o que existe atrás da segunda porta.

Apesar da decepção inicial, os resultados da missão científica foram comemorados pelo egípcio Zahi Hawass, o chefe das pesquisas. Toda a aventura foi filmada e é tema do documentário Pirâmides do Egito: segredos revelados, do canal pago National Geographic, que será exibido no Brasil às 22h deste sábado 21. Segundo Hawass, atrás da próxima parede podem estar artefatos valiosos.

Imagina-se que no salão misterioso haja papiros ou uma estátua de Quéops, o faraó da 4ª dinastia imperial que viveu há 2.500 anos. O desafio da equipe científica, no ano que vem, é romper a parede que guarda o antigo santuário, sem danificar nada no ambiente.

Ainda que a conclusão das expedições tenha sido adiada, o desempenho do Indiana Jones cibernético foi festejado pelos engenheiros. A expedição pelas entranhas da pirâmide trilhou um corredor que supostamente apontaria para a direção de Sírius, a maior estrela da constelação de Cão Maior. Sírius, como outras estrelas, era bem conhecida dos egípcios, acostumados à observação dos astros. A incursão pelos corredores sombrios de Quéops não é inédita. Em 1993, um arqueólogo alemão tentou seguir o caminho da câmara secreta. Na expedição, contou com a ajuda de outro robô, que percorreu 60 metros, mas não conseguiu transpor a primeira parede de rochas calcárias.

Fabricado pela empresa americana iRobot, o explorador de pirâmides é da mesma classe dos robôs que trabalharam nos escombros do World Trade Center, em Nova York, após os atentados de 11 de setembro. Ao preço de US$ 45 mil, esses robôs também trabalham duro como recrutas do Exército americano para investigar e fotografar as cavernas do Afeganistão. “A vantagem é que ninguém precisa entrar nas cavernas”, explica o capitão americano Robert Merritt. O militar analisa as imagens transmitidas pelas várias câmeras do robô e orienta seu movimento com a ajuda de um controle remoto. O melhor é que ele faz tudo isso sem acionar sequer um recruta de carne e osso.
 

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