Entrar em uma perfumaria ou em uma farmácia hoje em dia é uma festa para quem adora um creminho. As opções são tão fartas e atraentes que dificilmente se consegue sair da loja sem levar nada na sacola. Essa multiplicidade é o resultado de uma revolução na beleza. Os cosméticos estão cada vez mais sofisticados e potentes. Milhões de dólares são investidos pelas empresas em pesquisas para o desenvolvimento de produtos. E haja oferta! Apenas em 2003, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que regulamenta o setor, concedeu 28 mil registros de cosméticos. Para ter uma idéia do tamanho do mercado, a Anvisa registrou cerca de 1,7 mil remédios no ano passado. Obviamente, os novos cremes, loções e géis não representam fórmulas de juventude, mas eles contribuem de forma importante para deixar a pele mais saudável. Aos poucos, estão ganhando a fidelidade do consumidor e o respeito dos médicos.

Nessa nova geração, figuram os dermocosméticos. São produtos em cuja composição os princípios ativos (as substâncias relacionadas à eficácia) têm comprovada ação terapêutica, como os ácidos. “Eles contêm compostos ativos em concentrações maiores do que as existentes nos cosméticos, o que lhes confere uma ação semelhante a de um medicamento”, afirma a médica Joana D’arc Diniz, diretora científica da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, seção Rio de Janeiro. Por isso, esses artigos tornaram-se recursos usados por médicos como uma opção aos produtos manipulados. “Há pacientes que preferem um dermocosmético a mandar fazer um creme”, conta a médica Adriana Vilarinho, de São Paulo. Na opinião da especialista, porém, casos nos quais a pele está muito danificada requerem uma formulação especial de substâncias, às vezes não encontradas nos dermocosméticos. “Nesses pacientes é mais indicado o uso de um produto manipulado”, diz. Foi o que aconteceu com a apresentadora Domingas Person, 32 anos. Ela recorreu a um creme manipulado quando teve manchas no rosto por causa do sol. Mas no cotidiano adota artigos de marcas.

Os dermocosméticos chegaram ao Brasil há cerca de quatro anos. Hoje, diversas marcas exploram esse conceito. Entre elas, estão a La Roche Posay, RoC, Àvene e Eucerin. E há fabricantes que reservam um espaço cada vez maior para esse gênero. A Anna Pegova, por exemplo, garante ter 70% de sua produção voltada para dermocosméticos. Como as gigantes do setor, ela também dedica um belo quinhão de sua receita para pesquisas. De abril de 2003 a abril de 2004, foram investidos cerca de R$ 4,5 milhões nas investigações feitas no laboratório Biosphere (na França), constituído por farmacêuticos, médicos e outros profissionais. “Não adianta pegar um princípio ativo que não penetra na pele. Então, criamos substâncias que fazem com que os ingredientes sejam transportados mais a fundo”, explica Nicolas Hanna, diretor da empresa no Brasil.

A Natura também investe na categoria. Ela acaba de lançar seu primeiro dermocosmético, o Chronos Pharma, que tem alta concentração de Elastinol + (substância patenteada que reduz rugas, segundo a empresa) e vitamina C, um dos ativos mais prescritos pelos dermatologistas. “Estamos oferecendo produtos que caminham em direção ao tratamento dermatológico”, diz Eduardo Luppi, diretor de inovação da Natura.

Embora aqui não haja estatísticas a respeito da classe – que não é reconhecida pela Anvisa, para a qual um produto para a pele só pode ser cosmético ou medicamento –, o sucesso da linha pode ser medido pela satisfação do mercado com as vendas. “Vamos muito bem. Com menos de 30 anos, o brasileiro vai ao dermatologista fazer prevenção. O dermocosmético casa com essa necessidade”, afirma Carla Falchi, diretora de marketing da La Roche Posay. Até por suas características, o ideal é que os produtos sejam usados com acompanhamento médico. A atriz Cássia Linhares, 30 anos, segue a orientação da médica Joana Diniz, aplica produtos de marca e está feliz com o resultado. “Minha pele está ótima”, diz.

Os consumidores também podem se deleitar com outros artigos de primeira linha. Marcas como L’Oreal, Biotherm e Avon estão colocando no mercado produtos marcados por uma sofisticação cada vez maior. O Renew Clinical, lançado pela Avon há três meses no Brasil, por exemplo, foi desenvolvido ao longo de três anos, durante o qual foram testados mais de três mil combinações até que se chegasse à fórmula desejada. Indicado para preenchimento de rugas e linhas finas, ele representa a aposta da empresa no oferecimento de artigos que tragam resultados semelhantes aos obtidos por procedimentos feitos em consultórios. O Clinical seria, de acordo com a companhia, uma opção às injeções para preenchimento de rugas e linhas. “Nosso produto atinge esse objetivo agindo na pele de dentro para fora”, garante Gustavo Carturan, gerente de qualidade dos Laboratórios Avon do Brasil.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Cosméticos deste gênero atendem a uma enorme quantidade de homens e mulheres que não têm coragem, tempo ou dinheiro para se submeter a um procedimento no consultório (injeções de botox ou peelings a laser, por exemplo), mais caros e agressivos. Uma pesquisa realizada pela Avon com 21 mil mulheres em 24 países mostrou que 77% não pretendem recorrer a esses recursos. Pensando nesse público, a empresa planeja para o final do ano o lançamento de mais um produto alternativo. O cosmético teria efeito de microdermoabrasão, parecido com o de um peeling de cristais, indicado para retirada de células mortas e renovação da pele.

Outra novidade é a chegada do Life Pearl, da Helena Rubinstein, indicado para mulheres a partir de 55 anos. O creme estará disponível em agosto e promete proporcionar à derme alta nutrição e atenuar manchas de idade. “O Life Pearl
é um produto de tecnologia sofisticada. Levou mais de seis anos para sair da
idéia original até o produto final”, diz Alexandre Frota, diretor da marca no Brasil. É claro que não se pode esperar que um cosmético apresente efeitos imediatos e profundos como os de procedimentos feitos por médicos, dentro de um consultório. Mas hoje a qualidade de produtos de marcas respeitadas permite ao consumidor sair da perfumaria com a certeza de que aquele potinho contribuirá de fato para a saúde da pele.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias