A veterinária Adriane Cristina Sutter, 25 anos, sonhava com uma vida pacata e tranquila. Era o destino natural de uma menina nascida e criada na imperial Petrópolis, cidade serrana do Rio de Janeiro. Ela só não contava se apaixonar por um certo Bruno Sutter, 23 anos. O moço em questão é um dos cinco integrantes do Hermes e Renato, uma espécie de Casseta e Planeta mais pobre e debochado exibido nas noites de terça-feira, com reprise na madrugada de domingo, pela MTV. Entre as atrações do humorístico estão quadros com os sugestivos nomes de Merda acontece, Documento trololó e A natureza natural dos bichos. Isso sem falar no Joselito, o hilário candidato à presidência do PSN, Partido dos Sem Noção.

Bruno e Adriane são os únicos casados do grupo, formado também por Adriano Silva, 23 anos, o Joselito, Fausto Fanti, 23, Marco Antônio Alves, 24, e Felipe Torres, 22. O casal se conheceu há seis anos, em um show de rock em Petropólis, cidade onde quatro dos cinco HRs nasceram (Hermes era o professor de um deles e Renato um amigo que eles gostavam de ironizar). O engraçado da história é que a veterinária viu tudo no rapaz, menos o escracho e a maluquice expostos na telinha. “Eu gostei do jeito tímido dele”, conta. Os primeiros pilotos, se é que se pode chamar assim fitas feitas com câmeras caseiras e toscos recursos, foram gravados na casa de Fausto, o mentor intelectual da baderna. As horas passadas na casa do amigo produziram Lágrimas de um corno, o episódio que os levou à MTV e a uma série de brigas do casal. “Eu não entendia o que ele ficava fazendo na casa do Fausto. Ficava p… porque me trocava pelas gravações”, diz Adriane.

Hoje ela entende. Há um ano e dois meses vivendo em São Paulo, a moça curte o sucesso do marido com o público MTV. Onde vai, dificilmente o casal passa despercebido. “É um assédio diferente. Parece que os caras são amigos do Bruno. Eles chegam abraçando, xingando. Mas no estilo do programa, é claro”, diz. E as fãs? Adriane jura não sentir ciúme, apesar de ter passado por algumas situações constrangedoras. “Outro dia fomos ao supermercado e uma menina o abraçou e beijou. E tinha uma outra também, chamada Tatiane, que ligava todo dia em casa. Mas elas nunca me desrespeitaram.”

Apesar da “fama”, esta filha de uma católica fervorosa ainda não teve coragem de mostrar o programa à mãe. Ela não sabe que tipo de reação dona Ivone pode ter diante das loucuras exibidas em cadeia nacional. “Minha mãe nunca iria entender. Se visse, era capaz de dar uma bronca no Bruno.” Para complicar, a própria dona Ivone acabou virando personagem da atração. Ela é a mãe do Joselito, aquele do Partido dos Sem Noção. Mas até mesmo Adriane às vezes fica chocada com as infames piadas de Hermes e Renato. “Eu não gostei quando eles fizeram uma versão dance da Ave Maria. Achei exagerada. Ficou pesada”, reclama. Se até a filha não gostou dessa, imagine a pobre mãe, então!