Aventureiras, modernas, sensuais, ingênuas ou guerreiras, as mulheres são as estrelas do mundo digital. Depois de exercer seu domínio no cinema, nos videogames e na internet, as celebridades criadas por computador agora estampam uma verdadeira bíblia dos artistas gráficos. Escrito em inglês, francês e alemão, o livro Digital beauties reúne em 545 páginas os melhores momentos de 98 garotas concebidas nas pranchetas virtuais de 18 países. A obra de R$ 110 foi produzida pela Taschen, a editora alemã responsável por primorosas coleções sobre arte. Foram necessários cinco meses de pesquisa para que seu autor, o teuto-brasileiro Julius Wiedemann, selecionasse as cenas mais provocantes das beldades. O resultado é uma versão atualizada das charmosas pin ups da década de 50. “A idéia era fazer uma publicação abrangente e evitar que o tema ficasse restrito às revistas especializadas”, explica Wiedemann.

Lara Croft – Por que só mulheres? “É como o mercado da moda, que gira em torno do sexo feminino, enquanto os homens são meros coadjuvantes”, diz ele. Para a psiquiatra Carmita Abdo, a explicação tem raízes históricas. “No Ocidente, sempre se transmitiu a idéia de que ao homem cabe a força e à mulher, a beleza”, diz Carmita. Guardadas as diferenças técnicas, o apelo erótico das garotas digitais é digno das criações de Carlos Zéfiro, o mais famoso desenhista pornográfico brasileiro. O Brasil está representado entre as beldades com a cantora virtual Kaya, do paulista Alceu Baptistão, diretor da produtora de efeitos especiais Vetor Zero. “Kaya faz sucesso por ser imperfeita. Ela é um pouco dentuça porque gosto de garotas assim, e a cor dos olhos é de uma pessoa que trabalha comigo”, revela o ex-ilustrador de publicações eróticas.

Apesar de não constar da seleção de beldades, a arqueóloga Lara Croft, a musa das musas virtuais, está cada vez mais parecida com uma celebridade de carne e osso. Ela acaba de ganhar um agente para administrar sua agenda de compromissos. A escolhida foi a Creative Artists, a principal agenciadora de talentos de Hollywood. O interesse se justifica: os jogos da série Tomb raider, protagonizados por Lara, venderam 28 milhões de cópias desde 1996; o filme inspirado na personagem e estrelado pela atriz Angelina Jolie rendeu US$ 275 milhões e a estrela fatura US$ 1 bilhão ao ano. “Lara se transformou num ícone da cultura pop”, festeja Elie Dekel, seu agente.