Os evangélicos pentecostais brasileiros se orgulham por conseguir espalhar igrejas e pastores ao redor do mundo, repetindo a ofensiva missionária de religiosos americanos nos anos 40 e 50. A Igreja Deus é Amor, por exemplo, criada no Brasil em 1962 pelo missionário David Miranda, está instalada hoje em 136 países. Seus programas de rádio, como A voz da libertação, são transmitidos para os cinco continentes. O que fiéis de todo o planeta, geralmente pessoas humildes, não imaginam é que seus líderes religiosos – alguns deles venerados como um Deus – possam ser capazes de se meter em tanta confusão. Miranda, como seu colega Edir Macedo, da Universal do Reino de Deus, já esteve envolvido em denúncias de evasão de divisas, sonegação de impostos, curandeirismo, estelionato e até de supostas relações com o tráfico de drogas. Agora, o criador do bordão “Sai, satanás!” é acusado de agredir a mulher, Ereni Miranda, que tem o título de primeira conselheira mundial da igreja.

O gigantesco templo da Deus é Amor (que abriga seis mil pessoas), no centro
de São Paulo, virou um “barraco”, conforme relato de fiéis. Por volta de 22h do sábado 29 de Janeiro, PMs foram chamados para atender à ocorrência. Segundo mensagem enviada a seguidores da igreja por Sérgio Sóra, pastor e genro de David Miranda, o missionário, naquele momento, estaria agredindo Ereni. O pastor e sua mulher, a cantora evangélica Léia Miranda Sóra, filha do fundador da Deus é Amor, foram tentar fazer o papel do deixa disso. David Miranda tem outra versão. Conta que foi coagido a renunciar ao cargo de presidente, e seu advogado pediu socorro à PM, que o teria libertado do “cárcere privado e da coação”. Na frente do vice-presidente, Antonio Ribeiro de Souza, Sóra ainda teria “ameaçado a vida do missionário com violência, querendo agredi-lo, feri-lo, atacá-lo de qualquer jeito”, segundo a ata da reunião da direção mundial da igreja, realizada no dia 1º, que decidiu pela expulsão do genro e da filha de Miranda dos quadros da Deus é Amor. Não foi feito boletim de ocorrência e as partes alegaram ter “entrado em entendimento” quando os soldados chegaram, segundo a PM. Em seu site, Sóra diz que ele e Léia foram expulsos por desaprovar o “mau testemunho” e o “terrível mau exemplo” de Miranda e por não concordar com “as horríveis agressões físicas e verbais causadas por ele à sua esposa”. O casal denuncia ainda “a cegueira espiritual que tem assolado” a igreja.