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A VILà
Cláudia Raia, como líder do tráfico de pessoas

O maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro, o Complexo do Alemão, vai interagir com a Turquia, país mais conhecido no Brasil pelo exotismo, na próxima novela das nove da Rede Globo, “Salve Jorge”, que estreia na segunda-feira 22. Apreciadora das misturas culturais e de campanhas sociais, a autora Gloria Perez terá a responsabilidade de manter a audiência da bem-sucedida “Avenida Brasil” com as polêmicas a que já habituou o público de seus enredos. Assim, para substituir Carminha entrará em cena Lívia, vilã interpretada por Cláudia Raia. Ao contrário da malvada vivida por Adriana Esteves, que mostrou a que veio nos primeiros capítulos ao abandonar a enteada no lixão, Lívia é considerada por todos uma mulher acima de qualquer suspeita. Mas por trás de sua máscara de empresária bem-sucedida, comanda uma elaborada rede de tráfico de pessoas.

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O MOCINHO
Rodrigo Lombardi, que vive um soldado carioca: problema mundial

Seus golpes vão movimentar o eixo central da novela, que tem como protagonistas Nanda Costa e Rodrigo Lombardi. Com ajuda de seus comparsas, que fingem selecionar moças para trabalhar como modelo ou garçonetes no Exterior, Lívia seduzirá Morena (Nanda Costa) com uma tentadora proposta financeira. A garota nasceu em uma favela, foi mãe aos 14 anos e namora Théo (Rodrigo Lombardi), um cavaleiro do Exército que a conhece durante o processo de pacificação da comunidade carioca. Com a esperança de dar uma vida melhor para sua família, Morena cai nas mãos de Lívia e é escravizada na Turquia. Caberá a Théo tentar encontrar sua amada e, como São Jorge, salvá-la do dragão da maldade. “O tráfico de pessoas é um problema mundial e uma das formas mais rentáveis da criminalidade. Ainda assim, tem permanecido invisível e é tido como lenda urbana”, diz Gloria. A trama mostrará como esse crime abastece o mercado do sexo, o trabalho escravo e também a adoção ilegal. “Ele só perde para o comércio de drogas e já ultrapassou o de armas. É assustador”, completa Lombardi.

Para viver a “cabeça” da quadrilha de traficantes, Cláudia participou de workshops onde conheceu vítimas e parentes de vítimas do tráfico: “Sou mãe e ouvi relatos muito tristes dessas famílias. Não há como sair incólume depois de testemunhar tanta dor.” Em razão da gravidade do assunto, a atriz acha difícil que o público torça por sua vilã como aconteceu em determinado momento com Carminha. “Ela é fria, insensível, egoísta, do mal. É supermisteriosa e não deixa ninguém saber do seu passado”, afirma. Em sua primeira protagonista na televisão após uma premiada carreira no cinema, Nanda Costa espera que o novo trabalho ajude as pessoas a não acreditar em propostas milionárias de emprego. “A maior parte das meninas é enganada. Espero que essa guerreira ajude muitas pessoas a não cair nesse golpe”, diz Nanda.

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Antes de ser envolvida no esquema de Lívia, Morena participará de um momento histórico na cidade do Rio: a pacificação do Complexo do Alemão. Para gravar a cena, que vai ao ar nos primeiros capítulos da novela, a produção contou com o apoio das Forças Armadas. “Gravamos no Alemão e na cidade cenográfica, e foi tudo tranquilo. Foi incrível entrar nesse universo”, lembra Lombardi, que se diz confiante quanto à intervenção nas favelas cariocas: “É um processo e o primeiro passo foi dado. Cabe também aos moradores denunciarem e ajudarem à polícia.” De sua parte, a autora Gloria Perez não pretende questionar o modelo das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). “A novela se situa na época da ocupação. Fiquei emocionada ao ver o resgate daquela população por tantos anos submetida a leis paralelas, subjugada por facções criminosas”, afirma. Por incrível que pareça, foi a partir desse fato que surgiu a inusitada mistura entre a favela e a Turquia. “Não há como pensar na gente do Alemão sem pensar em sua força guerreira. E o mito que encarna essa força é São Jorge, originário da Turquia”, explica ela. Em consonância com o universo que retrata, mais duas coincidências: o santo é patrono da cavalaria do Exército Brasileiro e, reza a lenda, nasceu na Capadócia, outra cidade que estará presente na trama.  

Fotos: João Miguel Júnior / TV GLOBO


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