Callas: a diva no papel da feiticeira assassina

Medéia (Versátil Home Video) – Os planos de câmera são longuíssimos, os closes perturbadores, diálogos quase não há e a trilha sonora é a mais estranha possível. Mas quem está na direção é o italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975), que, com uma estética muito particular, imprimiu toques revolucionários na sétima arte. Com Medéia – que sai em versão remasterizada e traz a diva Maria Callas no papel-título –, o cineasta radicalizou. Sua leitura para a tragédia grega de Eurípedes carrega beleza e inquietação. Beleza pela maneira inusitada – afinal, o ano era 1969 – de angular os personagens e lhes dar vida com todo o sofrimento exigido pelo gênero. E inquietação por eles estarem colocados quase num universo paralelo, mesmo considerando a trama desconcertante da feiticeira que mata os filhos para se vingar do marido Jasão. (Apoenan Rodrigues)