Passional, desbocada e com uma voz que dramatizava ao extremo qualquer canção, a paulistaníssima Isaurinha Garcia ganhou os palcos do Brasil num tempo em que o Rio de Janeiro ditava quase todas as modas musicais. Sem nunca esconder seus excessos de “erres”, adquiridos desde a infância no bairro do Brás, Isaurinha não só ficou conhecida pelo talento como pelo jeito autêntico, muitas vezes escrachado, de falar da vida pessoal e afetiva. Há quatro anos, o neto da cantora, o ator e produtor Rick Garcia, pretendia levar aos palcos a trajetória da avó. Depois de vários entraves, conseguiu seu intento reunindo cinco patrocinadores que confiaram no texto de Júlio Fischer e na atuação de Rosamaria Murtinho como protagonista de um musical que deve ser encarado mais pelo lado dramático – e cômico – do que pelas qualidades sonoras. Afinal, Rosamaria é uma boa atriz sem voz à altura da intérprete. Em compensação, sua performance de texto segura com toda nobreza necessária o papel que lhe foi incumbido, seguida de um elenco em sintonia com ela. Como musical biográfico, este tem uma carga nostálgica suficiente para emocionar os saudosos dos anos 40 e 50. Mas é igualmente didático para as novas gerações conhecerem uma cantora que fez história na música popular brasileira. (Apoenan Rdodrigues)


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