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ESTRUTURA
Guilherme Patrício, 14 anos (à dir.), criou com Victor Nascimento, 14,
uma página (no detalhe) para retratar as más condições da sua escola

Desde o final de agosto, alunos de unidades públicas de ensino de Estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Goiás, entre outros, estão expondo na rede social Facebook problemas de suas escolas, como janelas quebradas, falta de professores, descaso da direção e ausência de manutenção da estrutura física, mazelas comuns a milhares de estudantes brasileiros. As várias iniciativas que despontam no País foram inspiradas na página “Diário de Classe”, da estudante catarinense Isadora Faber, 13 anos, aluna da Escola Maria Tomázia Coelho, na praia do Santinho, em Florianópolis (SC). No seu diário virtual, que já conquistou cerca de 250 mil seguidores, Isadora denunciou as más condições estruturais e os problemas pedagógicos da instituição em que estuda. Suas reivindicações deram resultado – a escola passou por uma reforma e um professor de matemática foi afastado. Animados com as vitórias da catarinense, vários estudantes resolveram seguir seu exemplo.

Caso dos amigos Guilherme Patrício e Victor Nascimento, ambos de 14 anos. Matriculados no nono ano da Escola Estadual de São Paulo, eles decidiram criar um perfil no Facebook para retratar o péssimo estado das instalações do colégio. “Rachaduras nas paredes e vidros quebrados não faltam”, diz Guilherme, que comprova com fotos as reclamações. Considerada uma das mais tradicionais escolas estaduais de São Paulo, a unidade de ensino sofre com o vandalismo praticado pelos próprios alunos e com o descaso da direção, diz Guilherme. “Os alunos destroem, mas a direção não quer arrumar”, diz.

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AUSÊNCIA
Giovanna Gomes, 13 anos, da Escola Estadual Emilia Anna Antônio,
em Guarulhos (SP), expôs a falta de uma biblioteca organizada
e o excesso de cadeiras quebradas, entre outros problemas

A manutenção deficiente das dependências escolares também incomoda a jovem Giovanna Gomes, 13 anos. Aluna da Escola Estadual Emilia Anna Antônio, em Guarulhos (SP), ela conta que a quadra descoberta está com um muro em vias de cair, o teto das salas de aula está repleto de buracos e a biblioteca é pequena e mal organizada. “Algumas janelas e louças do banheiro estão quebradas há três anos”, diz Giovanna. “Além disso, tenho um professor de educação física que faltou três semanas seguidas.” A microempresária Raquel Gomes, 35 anos, mãe de Giovanna, apoia a iniciativa da filha. “Esperamos que ela consiga melhorias para a escola, mas ao mesmo tempo temos medo de represálias”, diz.

Procurada para comentar os problemas retratados pelos estudantes, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirmou em nota que já estão sendo tomadas as providências necessárias em relação às duas instituições de ensino. “A Escola Estadual de São Paulo passará por uma reforma geral para oferecer uma melhor infraestrutura aos alunos e professores. A previsão é que as obras tenham início até o primeiro trimestre de 2013.” Já no caso da Escola Estadual Emilia Anna Antônio, “serão executados nos próximos dias serviços emergenciais como a troca de uma válvula no banheiro, de forro e vidros, e a instalação de tampos nos vasos sanitários”. A menina Isadora, por sua vez, comemora a onda de mobilização estudantil que provocou. “Fico muito feliz em ver que os diários estão se espalhando, acho realmente que juntos podemos melhorar a educação para todos”, diz. Os alunos já estão fazendo a sua parte.

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Fotos: Fabiano Cerchiari; Rex Features; reprodução