Ana Holck – Perimetrais/ Zipper Galeria, SP/ até 11/10
Lucia Koch – Materiais de Construção/ Galeria Nara Roesler, SP/ até 6/10
Jac Leirner – Hardware seda/ Galeria Fortes Vilaça, SP/ até 27/10
Héctor Zamora – Inconstância material/ Luciana Brito Galeria, SP/ até 27/10

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DE MÃO EM MÃO
Construção civil é levada por Héctor Zamora para dentro da galeria

A arte e a poesia concreta surgem no início dos anos 1950 no Brasil, intimamente associadas ao impulso modernizador que levantou Brasília e ao boom desenvolvimentista que prometia um avanço histórico de “50 anos em cinco”. Mais de meio século se passou, e tanto o empenho construtivo quanto a abstração geométrica que modificou os parâmetros artísticos naqueles anos ainda ecoam na arte brasileira. Quatro exposições em cartaz hoje evocam a inteligência e o rigor brasileiro pela construção. Ou pela desconstrução.

Com uma consistente pesquisa sobre as relações entre a escultura e a arquitetura, a artista carioca Ana Holck trabalhou sobre a estrutura do elevado da Perimetral, no Rio de Janeiro, cuja construção começou a ser realizada nos anos de Juscelino, e está com os dias contados – sua demolição faz parte do projeto de revitalização da área portuária. Na mostra “Perimetrais”, a artista “dissecou” a perimetral em cortes, representados em gravuras de metal. Com o mesmo rigor analítico com que desconstruiu a perimetral, a artista usou de cálculos de peso para criar estruturas com mourões de concreto e outros objetos de delicado equilíbrio.

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JOIAS
Rigor formal de Jac Leirner reagrupa objetos do cotidiano

Lucia Koch, que há 20 anos realiza intervenções com cor, luz e sombra nos espaços arquitetônicos onde expõe, montou na Galeria Nara Roesler uma espécie de arquivo de todos os seus projetos. “Materiais de Construção” é formado por esculturas que funcionam como mostruários dos materiais com os quais trabalhou: placas de acrílico, MDF, chapas recortadas a laser com padrões vazados, telas translúcidas, mosaicos fotográficos compostos a partir de imagens de azulejos, pastilhas e cerâmicas, trazidas das fachadas de cidades que frequenta.

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Na individual “Hardware Seda”, Jac Leirner aproxima matérias leves – como papel de seda e cartões-postais antigos – com outras mais pesadas como ferragens, correntes, porcas, extensores e cabos de aço. Obedecendo a uma prática já consolidada – mas cada vez mais surpreendente – de reagrupar objetos do cotidiano em estruturas de rigor formal, Jac Leirner elabora composições de delicadeza e engenhosidade ímpares. Mais que obras de engenharia, cada uma das 12 obras expostas na Fortes Vilaça pode ser comparada a uma joia, elaborada por um ourives.

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ARQUIVOS
Lucia Koch criou escultura feita com materiais usados em seus trabalhos anteriores

Em sua primeira individual em São Paulo, o artista mexicano Héctor Zamora, radicado no Brasil desde 2007, investiga a fundo questões como a “desmaterialização da arte” e os processos e caminhos de construção da obra de arte. No projeto “Inconstância Material”, o artista levou 20 pedreiros para dentro da galeria Luciana Brito e arregimentou uma dinâmica coreográfica de “passa mão” (ação de jogar tijolos que ajuda os trabalhadores da construção civil a dinamizar o processo das grandes construções). De mão em mão, a tradição construtiva da arte brasileira ganha novas dinâmicas e contornos.

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DEMOLIÇÃO
Antes de desaparecer, Perimetral do Rio é tema de exposição de Ana Holck

Fotos: Caio Caruso/Cortesia Luciana Brito Galeria e Eduardo Ortega/Courtesy Galeria Fortes Vilaça


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