Um verdadeiro quem é quem da fotografia brasileira vem sendo traçado há 11 anos pela Coleção Pirelli, parceria entre a Pirelli Brasil e o Museu de Arte de São Paulo (Masp), que chega a mais uma edição com a compra de outras 61 fotos de 18 autores, no momento em exposição no museu paulista. Ao acervo de 650 obras de nomes clássicos como Thomaz Farkas, Pierre Verger e Marcel Gautherot, somam-se agora trabalhos de Luiz Carlos Barreto, Alair Gomes, Hélio Campos Mello, diretor de redação de ISTOÉ, e André Dusek, repórter fotográfico da sucursal de Brasília de ISTOÉ, entre outros. Com seu amplo mapeamento, este talvez seja o único projeto da área fotográfica com tamanha longevidade e qualidade. Segundo Rubens Fernandes Junior, um dos oito curadores da coleção, desde o início se buscou priorizar a fotografia contemporânea, entendendo-se como tal a produção feita a partir dos anos 40, quando a modernidade contamina as lentes dos artistas nacionais. “A coleção é pautada pelo diálogo do que se produziu neste período e nas décadas seguintes”, explica Fernandes Junior.

Como sempre acontece a cada edição, as novas aquisições buscam contemplar todas as tendências e preencher lacunas importantes no conjunto. “As duas grandes pontuações deste ano são o trabalho de Luiz Carlos Barreto e Alair Gomes”, afirma o curador. Do primeiro, foram adquiridos sete trabalhos feitos nos anos 50 e 60, época em que Barreto trabalhava para a revista O Cruzeiro. Numa das fotos, Assis Chateaubriand e Adolpho Bloch, elegantemente vestidos, são flagrados na paisagem suburbana de uma rua de terra carioca. Junto a outras do mesmo período, estas imagens são o documento de um país em construção e em desenvolvimento.

Num registro menos social e mais erótico, a obra do carioca Alair Gomes, já falecido, foi representada pelo Beach triptych nº 5, mostrando a sequência de um banhista na praia. “Escolhemos no mínimo três imagens de um fotógrafo, para dar uma idéia geral da sua produção”, explica Fernandes Junior. Até o momento, os grandes expoentes da fotografia brasileira já foram contemplados. Estão lá, por exemplo, trabalhos de Mario Cravo Neto, J.R. Duran, Claudio Edinger, Luis Humberto, Miro, Bob Wolfenson, Walter Firmo, Boris Kossoy, Cristiano Mascaro, Pedro Martinelli e Miguel Rio Branco. Um dos segmentos mais fortes é o fotojornalismo, que este ano foi ampliado, visando, por exemplo, o estilo irônico de Hélio Campos Mello, que retratou o banqueiro Gastão Eduardo de Bueno Vidigal soltando fumaça pelo nariz como um dragão.