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PROBLEMÃO
Parlamentares defendem ida do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, à Câmara 

Documentos internos do Ministério da Saúde sugerem que o desperdício de plasma sanguíneo, denunciado por ISTOÉ na última edição, pode ser bem maior que as 55 mil bolsas de sangue escondidas num depósito nos arredores de Brasília. Uma troca de memorandos entre setores técnicos e a cúpula ministerial, entre os meses de fevereiro e agosto de 2009, indica que o governo tinha em estoque mais de 660 mil bolsas de plasma. Desse total, foram “enviadas para beneficiamento 423 mil bolsas”. Ninguém sabe informar o que houve com outras 237 mil bolsas e por que esse material não foi enviado para a França. Uma pista do destino desse plasma pode estar no mesmo depósito do Ministério da Saúde. Uma fonte do setor garantiu à reportagem que havia cerca de 300 mil bolsas estocadas na câmara fria do ministério. Suspeita-se que a maior parte desse carregamento tenha sido retirada do local no início do ano, quando a denúncia começou a circular.

Na quarta-feira 5, o Ministério da Saúde publicou o edital para a contratação da empresa que fará o descarte das 55 mil bolsas, armazenadas desde 2004. A medida foi tomada em caráter emergencial, após denúncia de ISTOÉ, a pedido do próprio ministro Alexandre Padilha. A interlocutores, ele diz que “herdou um problemão”. Na Câmara, o presidente da Comissão de Seguridade, deputado Luiz Mandetta (DEM/MS), conseguiu aprovar requerimento de informação ao Ministério da Saúde. O deputado Eleuses Paiva (PSD/SP), que também é médico, fez coro. “O ministro precisa esclarecer ao Congresso”, diz. Ele defende a convocação de Padilha e de seus antecessores, como o próprio deputado Saraiva Felipe (PMDB/MG), que sucedeu Humberto Costa. “Trata-se de uma questão de alto interesse público”, diz.

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ATRASO
Lotes de hemoderivados podem ter chegado já vencidos

Outro personagem que poderá ser convocado é a ex-secretária-executiva do Ministério da Saúde Márcia Bassit, que deixou o cargo em 2011 para assumir a diretoria-geral do Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB) no Brasil. Suspeita-se que Márcia tenha agido em benefício dos franceses. ISTOÉ descobriu que os dois primeiros lotes de hemoderivados beneficiados pela empresa chegaram ao Brasil com 223 dias de atraso – o limite contratual é de 180 dias. Como os hemoderivados têm validade de dois anos, há o risco de que tenham chegado ao consumidor próximo do vencimento ou já vencidos.