Lembra-se daquele celular que fazia ligações? Pois ele já virou peça de museu. A nova geração de telefones, batizada de geração 2,5, inaugura a fase dos celulares com mil e uma utilidades. Eles tiram fotos, enviam e recebem arquivos, navegam em alta velocidade pela internet, tocam música e organizam os compromissos. Com tela colorida, teclado alfanumérico, câmera fotográfica e funções de computadores de mão, os novos aparelhos também têm recursos como o cartão eletrônico, que promete reduzir a chance de clonagem e de grampo. Seu maior empecilho ainda é o preço indigesto, que pode chegar a R$ 3.600.

A maior parte dos celulares da geração 2,5 usa a tecnologia GSM (Sistema Móvel Global), padrão adotado por 800 milhões de pessoas
de 180 países. No Brasil, a tecnologia chegou recentemente, com as operadoras Oi e Tim, e deve conquistar cerca de 5% dos 31,6 milhões
de proprietários de celulares ainda este ano. O padrão GSM traz
algumas vantagens em relação às tecnologias hoje usadas no Brasil – TDMA e CDMA. Uma delas é que os aparelhos se tornam verdadeiros terminais multimídia, com acesso à internet em banda larga e possibilidade de enviar mensagens com fotos e som. Os modelos
mais avançados permitem o acesso ininterrupto à internet em
uma velocidade de 144 Kbps, enquanto um computador normal
chega a 56 Kbps. Na prática, significa que o envio de uma
foto de boa qualidade leva cerca de um minuto e meio.

Uma das febres da nova telefonia são os aparelhos que funcionam como máquina fotográfica. O P800 da Sony Ericsson, por exemplo, tira e armazena 100 fotos em alta resolução ou até mil imagens em qualidade inferior, e deve chegar ao País em fevereiro para reforçar a linha de celulares fotográficos da empresa. A finlandesa Nokia marcou para o final do ano a estréia de seu modelo fotográfico, o 7650, que custa R$ 2.255, tem viva-voz e conexão sem fio para trocar dados entre o celular e outros dispositivos eletrônicos. As fotos tiradas pelo celular podem ser enviadas para outro aparelho que receba mensagens multimídia – MMS –, ou na forma de mensagem eletrônica. A Samsung já colocou o seu modelo à venda, mas a máquina fotográfica só chega em dezembro. A tela do Colors exibe 4.096 cores e a câmera promete armazenar até dez fotos, que podem servir para decorar o visor ou para montar um álbum virtual.

As múltiplas funções são a marca dos novos aparelhos. O Motorola 388 e o Siemens SX45 reúnem as de um celular e de um computador
de mão, que reconhece a escrita, grava conversas e pequenos lembretes sonoros. Eles organizam
a agenda, têm acesso à internet em alta velocidade e conexão infravermelha para transmitir arquivos entre diferentes equipamentos, sem usar nenhum fio. Apesar das vantagens, os celulares acoplados
a Palms podem trazer dor de cabeça, como a transmissão de vírus pelos arquivos. Estima-se
que já existam 12 vírus que afetam os computadores de mão. A solução: tratar os
novos celulares como se fossem computadores, começando por instalar um antivírus como antídoto.

Outro avanço da nova geração é o SIM Card, chip que contém
as informações do assinante e pode ser acoplado a computadores portáteis. Nesse pequeno cartão eletrônico ficam dados como o
número do telefone, a senha pessoal, as mensagens recebidas e a agenda de telefones. Ao ser inserido no celular, o chip solicita uma
senha de quatro números antes de permitir que o aparelho acesse
a rede, o que dá segurança contra roubos e extravios. No caso de
troca de aparelho, basta colocar o cartão antigo no novo celular.
Além disso, as operadoras afirmam que essa tecnologia torna
os telefones imunes a clonagem e grampo.

Um terceiro benefício da nova geração é a possibilidade de fazer roaming internacional, que permite usar o mesmo celular em outros países onde existe a tecnologia GSM. O dono de um aparelho consegue falar em São Paulo, Belém do Pará ou em países da América Latina
ou da Europa como se não tivesse saído do bairro.
Ao contrário dos aparelhos de hoje, que exigem
uma autorização prévia, os novos celulares supostamente funcionariam de forma mais simples.
Na prática, entretanto, o serviço tem falhas. Antes
de viajar ainda é recomendável checar com a operadora com quais países ela tem acordo. A Oi, por exemplo, fechou contrato de roaming com 30 países
e espera, até o final deste ano, alcançar 50.