As doenças causadas ou transmitidas por água sem tratamento adequado ao consumo humano são responsáveis por 80% dos atendimentos médicos em hospitais e pronto-socorros em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Apesar de a grande maioria dos casos estar ligada à falta de saneamento básico, muitas vezes a disseminação de doenças tem dois motivos: são as tubulações antigas que distribuem a água nas grandes cidades, ou a caixa-d´água de prédios e casas, que não passam por limpezas regulares. A OMS sugere que seja feita uma faxina a cada quatro meses. Resolver esse problema sem gastar muito é uma das preocupações mundiais. Tanto que acontece neste mês uma série de fóruns para tratar da situação da água. O principal deles é o
3º Fórum Mundial da Água, que ocorre em Kyoto, no Japão, entre os dias 16 e 23 de março.

Enquanto se discute uma maneira
de garantir o abastecimento adequado de água no planeta, o médico e pesquisador brasileiro José da Silva Moreira encontrou uma alternativa
viável e de baixo custo para tratar
a água consumida numa residência. Depois de anos de pesquisas, ele inventou uma caixa-d´água que faz
o tratamento físico, químico e biológico da água e funciona como um filtro convencional de água potável. “Cheguei à conclusão de que a saída seria transformá-la em uma estação final de tratamento, em vez de fazer apenas um reservatório”, afirma.

Construída com fibra de vidro e revestida externamente com resina de poliéster e internamente por um gel náutico (o mesmo usado nos barcos de competição para deixar a superfície completamente lisa), a caixa-d´água gigante, batizada de Sistema Hidro Clean de Água, chama a atenção também pelo seu formato de semi-esfera. “A forma e os materiais usados na construção e no acabamento impedem que se acumule lodo, terra em suspensão e limo em suas paredes, como acontece nas caixas-d’água comuns”, diz Moreira. Isto elimina um campo de procriação de germes e bactérias, potenciais causadores de doenças.

A esta técnica diferente de construção foi acrescido o filtro de carvão ativado, que retira da água o excesso de cloro antes de ela ser armazenada, e a aplicação de prata coloidal nas paredes, um consagrado agente bactericida presente em grande parte dos filtros domésticos. A tampa hermeticamente fechada impede a entrada tanto de pequenos animais, como ratos e baratas, quanto do mosquito da dengue. Além disso, o sistema possui um filtro de autolimpeza e ímãs que magnetizam a água, dando-lhe características valorizadas pela medicina oriental. Os resíduos em suspensão escorrem para a válvula de limpeza no fundo da caixa, sendo eliminados toda vez que se abre uma torneira. “Em locais onde a água é obtida em poços, pela captação de água das chuvas ou em pequenas barragens e açudes, a caixa-d’água faz o tratamento completo, incluindo a decantação dos resíduos. É uma revolução em termos de saneamento básico”, garante Moreira.

O Sistema Hidro Clean de Água está em processo industrial e calcula-se que uma caixa de 500 litros custe hoje cerca de R$ 700. A expectativa de Moreira é de que o preço diminua com o aumento da produção. “Hoje temos uma fábrica no Gama (cidade-satélite de Brasília) que pode produzir 12 mil caixas por mês. O médico Moreira calcula que sua invenção pode atender 34 milhões de residências e pretende apresentar sua descoberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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