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Até o final do último mês, a reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), apoiada por PT e PSDB, era considerada favas contadas. O racha entre o PT e o PSB locais, no entanto, alterou totalmente o quadro eleitoral na capital mineira. A disputa ganhou ares de embate nacional ao levar para o jogo potenciais candidatos a triunfar na corrida presidencial de 2014: o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) e o senador Aécio Neves (PSDB), articuladores da reeleição de Lacerda, e a presidenta Dilma Rousseff, que se transformou na principal madrinha da candidatura de Patrus Ananias (PT). Ao lado de São Paulo, a disputa tornou-se determinante para quem está de olho na eleição para o Palácio do Planalto daqui a dois anos. Graças à articulação de Dilma, Patrus Ananias também terá o apoio do PSD de Gilberto Kassab e do PMDB de Michel Temer, outros dois importantes protagonistas políticos da próxima eleição presidencial.

A presidenta Dilma elegeu a capital mineira como sua prioridade, pois entende que sua reeleição começa a ser jogada durante a disputa eleitoral de BH. Principal cabo eleitoral de Lacerda, Aécio deve rivalizar com ela em 2014. E o socialista Eduardo Campos, outro apoiador do atual prefeito, também começa a ganhar musculatura política, seja para um vôo solo ao Planalto, seja para ocupar a vaga de vice em uma das chapas, que pode ser até a de Aécio, numa dobradinha PSDB-PSB. Por isso, além de atrair o PMDB e o PSD, a presidenta comandou pessoalmente a entrada de Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte e ministro do Desenvolvimento, na campanha, removendo arestas no PT local. Pimentel era até pouco tempo desafeto de Patrus. Com uma vitória petista na cidade, Dilma conquistaria um palanque privilegiado e, ao mesmo tempo, prejudicaria dois possíveis rivais.

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INÁBIL
Sem visibilidade, governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia,
não conseguiu manter aliança costurada por Aécio Neves

A reeleição de Márcio Lacerda também virou um teste de fogo para o senador Aécio Neves. Em caso de vitória, Aécio consolida seu poder político em Minas Gerais. Em caso de derrota do prefeito, no entanto, Aécio corre o risco de perder sua máquina política, o que diminuiria sua força para concorrer à Presidência da República. O desfecho da eleição na capital mineira norteará o futuro político de Eduardo Campos, que há tempos se cacifa com uma estratégia pendular de ora apoiar o PT ora marchar ao lado do PSDB.

O estopim para o racha entre o PT e o PSB foi a decisão socialista de rejeitar a exigência petista de coligar-se também na disputa à Câmara Municipal. Faltou também habilidade política ao governador Antonio Anastasia (PSDB), gestor de um governo sem visibilidade, para manter a ampla aliança costurada por Aécio no passado. Foi o sinal verde para o PT lançar a candidatura de Patrus. Agora, os personagens centrais de 2014 passam pela eleição em BH. O jogo presidencial já começou.

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