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IDEIAS
O engenheiro Scaramel (à esq.) aproveitou as sugestões do
fotógrafo Lisboa para modernizar relatórios de gestão ambiental

Um espaço colaborativo. Foi com essa proposta que o Hub chegou ao Brasil em abril de 2008. O modelo de negócios era simples. Mediante o pagamento de uma mensalidade que varia de R$ 60 a R$ 800, empreendedores e profissionais autônomos adquiriam o direito de usar parte dos 500 metros quadrados de área do tal espaço para desenvolver projetos e tocar novos negócios. Aberto inicialmente em São Paulo, bem localizado e servido de todos os confortos de um escritório moderno, o Hub virou sucesso. Hoje já há outros dois funcionando no País – um em Belo Horizonte, outro em Curitiba – e a rede soma 400 usuários frequentes, além de outros quatro mil ocasionais. “Atraímos muita gente jovem, cheia de energia e com grandes ideias”, resume Henrique Bussacos, fundador do Hub São Paulo e diretor-presidente da associação internacional de Hubs, que tem 40 unidades no mundo. Porém mais do que simplesmente atrair, o Hub tem mostrado, recentemente, aptidão para juntar talentos que se complementam.

É um novo momento desses espaços. Agora, eles parecem finalmente funcionar de forma verdadeiramente colaborativa. Segundo Bussacos, ainda não há números que mapeiem o crescimento das parcerias entre os próprios membros dos Hubs, mas a tendência de alta é inquestionável. “A quantidade de negócios firmados internamente aumentou significativamente”, diz o fundador da unidade paulistana.

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FOCO
As conversas entre o consultor Strang (à esq.) e os sócios Ribas e Vasconcelos
ajudaram os dois a detectar o público alvo de sua empresa de impressão de foto digital

Foi da convivência no Hub em São Paulo, por exemplo, que nasceu a parceria entre o engenheiro ambiental Vinícius Scaramel, da Bakuara Alternativa Consciente, e o fotógrafo e designer Ricardo Lisboa. Scaramel se especializou em consultoria na gestão de resíduos e tem como grande produto relatórios que fazem um diagnóstico de como uma empresa administra sua produção de lixo. “Mas meus relatórios eram muito técnicos”, lembra. “Mesmo o cliente acabava não lendo”, reconhece.

Em conversa com Lisboa surgiu uma solução. Lisboa sugeriu fazer uma versão ilustrada dos relatórios de Scaramel, com gráficos e fotos, e diagramada como uma revista. O trabalho começou no final de 2011 e até hoje três relatórios nesse formato foram entregues. A recepção dos clientes tem sido bem mais positiva. “São saídas que pipocam em conversas informais”, diz Lisboa. “A gente se mistura no Hub e as ideias surgem.”

Para especialistas em mercado de trabalho, o surgimento dos Hubs é consequência direta das mudanças pelas quais o mercado e a mão de obra passaram nos últimos anos. Hoje, como nunca, as empresas precisam produzir mais em menos tempo, com menos funcionários e recursos. Nesse sentido, o Hub entra como alternativa não só para diminuir gastos – as despesas usuais com espaço, internet e luz são rateadas – mas também para aumentar a eficiência por meio da troca de experiências. “Ter profissionais de várias áreas sob o mesmo teto é tão vantajoso que não duvido que empresas, em breve, tentem reproduzir esse modelo internamente”, aposta Leyla Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). “É a ferramenta do futuro.”

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Futuro que já é realidade para Marco Ribas e Wilson Vasconcelos, sócios da SambaPix, empresa especializada na impressão de fotos digitais com sede no Hub São Paulo. Quando criaram a companhia, em 2011, nem nome ela tinha – a escolha veio das conversas entre os sócios com outros usuários do espaço. E foi entre um café e outro na cozinha do local que eles cruzaram com o consultor Eduardo Strang, sócio-fundador da Factor4. Strang foi fundamental na transformação da ideia da SambaPix no que a empresa é hoje. “Queríamos um negócio que acontecesse e rendesse”, afirma Ribas.

Por meio da Factor4, o consultor especializado na viabilização de projetos de empresas do tipo start-up, como a SambaPix, ajudou os empreendedores nas conversas com fornecedores, na identificação do público-alvo e até no desenvolvimento de uma linguagem de comunicação. “É uma troca, também aprendi com eles”, diz Strang. E continuará aprendendo. Ambas as empresas permanecem dentro do Hub e devem fazê-lo por mais algum tempo. “Vamos torcer para que este espaço um dia fique pequeno para nós”, diz Ribas. Tomara, mas as lições aprendidas ali certamente serão lembradas.  

Foto: Pedro Dias/Ag. Istoé