Tomás Saraceno: Air-Port-City/ Cloud Cities/Tanya Bonakdar Gallery, Nova York/ até 27/7
Tomás Saraceno on the Roof: Cloud City/Metropolitan Museum of Art, Nova York/ até 4/11

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ESPUMA
Cloud City tem inspiração em estruturas orgânicas e biológicas

Imagine se as cidades se descolassem dos mapas geopolíticos e ganhassem os céus, perdendo suas fronteiras físicas e adquirindo a maleabilidade das nuvens. Não, essa não é uma nova versão da música de John Lennon para a era digital (embora pudesse perfeitamente ser). Esse é o mais novo projeto do argentino Tomás Saraceno. Estão em cartaz na galeria Tanya Bonakdar e no telhado do Metropolitan Museum of Art, em Nova York, dois modelos de cidades-nuvens que, segundo o artista, funcionam como territórios coletivos aéreos, projetados para “uma era de engajamento social tridimensional”. Na era da computação em nuvem, Saraceno não está apenas interessado em expandir nossos modos de armazenar dados, mas em ampliar os modos de habitar e experimentar o meio ambiente. O céu é o limite.

No jardim suspenso do Metropolitan, o artista instalou “Cloud City”, uma constelação de 16 módulos interconectados, construídos com molduras de aço e janelas de vidros e espelhos. A obra é inspirada em estruturas orgânicas e biológicas, como bolhas, espuma, bactérias, teias, nuvens, constelações ou até mesmo redes de comunicação neuronal. Embora suas referências tenham escalas micro e macroscópica, sua obra tem escala arquitetônica e é penetrável pelo público. Rampas, escadas, ambientes interiores, amplas janelas, superfícies incongruentes e espelhadas promovem visões invertidas do céu, das árvores do Central Park e do skyline nova-iorquino, desafiando o visitante a reconsiderar suas noções de espaço, gravidade e coordenadas geográficas.

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CÉLULA
Detalhe da instalação composta por 16 módulos interconectados

De acordo com o artista, “Cloud City é um convite a perceber simultaneamente uma multiplicidade de realidades, fazendo sobreposições e conexões multirreflexivas entre as coisas, afetando nossa percepção. É um veículo para nossa imaginação, pronto para nos transportar para além dos estados sociais, políticos e geográficos da mente”.

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“Cloud City” faz parte de um corpo maior de trabalhos compreendido na série “Cloud Cities/Air-Port-City”, também em exposição na galeria Tanya Bonakdar, no Chelsea, onde Saraceno expõe outras duas obras. Ambas são realizadas com filamentos tensionados e entrelaçados, atados a pontos no teto, piso e nas paredes da galeria, como teias de aranha. Os trabalhos são um desdobramento de “Galaxies Forming Like Water Droplets Along a Spider’s Web” (Galáxias que se formam como gotículas de água ao longo de uma teia de aranha), apresentada na Bienal de Veneza em 2009. No mesmo ano, Saraceno participou da Universidade Espacial Internacional, um programa da Nasa, em que pode aprofundar sua pesquisa de geometrias complexas para a construção de espaços sociais e redes habitáveis.

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TEIAS
Instalações na galeria Tanya Bonakdar aproximam o cosmos e as aranhas

Nascido em 1973 em Tucumán, na Argentina, e residente em Frankfurt, na Alemanha, há dez anos Saraceno realiza projetos de obras e arquiteturas infláveis, modulares e móveis, nas quais as pessoas podem experimentar novas maneiras de perceber a natureza e se comunicar. São projetos que relacionam arte, arquitetura e ciência, e que começaram a partir do fascínio do artista por teorias utópicas e constelações astronômicas.

Além do Chelsea e do Central Park, em Nova York, as cidades-nuvens de Saraceno se espalharam recentemente por Tóquio, Berlim, Dusseldorf e Estocolmo. O artista não é um desconhecido do público brasileiro. Em 2006, ele participou da 27ª Bienal de São Paulo, onde expôs no grande vão do Pavilhão a instalação “On Air” uma imensa bolha transparente, penetrável pelo público.

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Fotos: Jean Vong/ Tanya Bonakdar Gallery


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