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INTERAÇÃO Christina e Cecília: ela assiste aos DVDs e depois brinca

Os bebês começam a balbuciar as primeiras palavras por volta de um ano. Nesta idade os pais conseguem identificar os sons, em geral algo parecido com mamãe e papai, e os pequenos demonstram algum grau de compreensão. A aquisição de vocabulário é gradual e o diálogo mesmo só perto dos dois anos. Para dar um empurrãozinho no aprendizado, há pais que se fiam em DVDs próprios para bebês com nomes sugestivos como Baby Einstein, Bebê mais e Brainy baby (bebê inteligente) – este último só vendido no Exterior. Com quase nenhum diálogo, cenas curtas, imagens atrativas e música clássica, os vídeos se propõem a ensinar cores, objetos e formas, além dos nomes dos animais.

A intenção dos pais de estimular os filhos com esses DVDs pode ser um tiro n’água. Segundo pesquisa da Universidade de Washington (EUA), publicada na última edição do Journal of Pediatrics, o efeito é inverso no quesito vocabulário. A cada hora de vídeo assistida por dia, os bebês entre oito meses e um ano e quatro meses entendem em média de seis a oito palavras a menos do que as crianças da mesma idade sem acesso a eles. “Não há evidência de benefício desses DVDs, mas de prejuízo”, diz Frederick Zimmerman, autor da pesquisa. No caso de crianças de um ano e cinco meses a dois anos não foi detectada diferença. Para Francesco Civita, um dos criadores do Bebê mais – o único brasileiro e que tem como diferencial trazer músicas como Cai-cai balão e Boi da cara preta – , a questão central é a postura dos pais. “Eles podem botar o filho no colo e conversar com ele diante da tevê, como fariam se fosse um livro. Não é preciso ser passivo”, afirma.

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A psicanalista Silvana Rabelo, da PUC (SP), especializada em crianças, vai na mesma linha. “O problema não é o material em si, que é interessante”, diz ela. “Mas os pais que usam esses DVDs confiando a eles o desenvolvimento do filho.” Mãe de Davi, de quatro anos, a arquiteta Adriana Braga só deixou o filho assistir a DVDs depois de um ano e meio. “É muita informação de cor, forma, sons”, diz Adriana. “Quis primeiro que Davi reconhecesse o mundo dele.” A publicitária Christina Frenzel, mãe de Cecília, 11 meses, conta que a filha assiste aos vídeos desde os cinco meses – e adora – antes de ir para a creche e enquanto aguarda o jantar. “Acho os DVDs estimulantes para a Cecília, que vê as formas na tevê e depois brinca com os cubos dela”, diz Christina. O importante é ter bom senso no tempo dos pequenos diante da tevê e saber que nada substitui o contato entre pais e filhos.

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